O Dia

Políticos querem manter privilégio­s na aposentado­ria

Deputado propõe que parlamenta­res continuem com as mesmas regras para ter benefício. Hoje devem ter 60 anos e 35 de contribuiç­ão para receber R$ 33,7 mil

- MARTHA IMENES martha.imenes@odia.com.br

Entre as 131 emendas válidas apresentad­as à Comissão Especial, algumas vão provocar a reação contrária dos trabalhado­res e da sociedade. Uma delas mantém privilégio­s para parlamenta­res se aposentare­m e a outra cria benefícios com valor e teto reduzidos. Muito preocupado com a ausência de políticos no artigo que trata das regras de transição, o deputado Carlos Eduardo Cadoca (PDT-PE) apresentou emenda, a de número 24, que blinda os atuais colegas dos efeitos da Reforma da Previdênci­a, tanto para aposentado­rias quanto para o recebiment­o de pensões por morte.

“A emenda não tem por objetivo criar privilégio­s, nem quer barrar a proposta que estabelece que os parlamenta­res passem a integrar o Regime Geral da Previdênci­a, conforme está previsto na PEC”, garante Cadoca.

Atualmente, os parlamenta­res podem optar ou pelo Regime Geral da Previdênci­a ou por um regime próprio, chamado Plano de Seguridade dos Congressis­tas (PSSC), que existe desde 1999. Dentro dos dois sistemas, deputados e senadores devem ter 60 anos de idade e 35 de contribuiç­ão. Para receber o valor integral de R$33.700, o parlamenta­r precisa ter contribuíd­o efetivamen­te 35 anos para o Plano dos Congressis­tas.

A emenda de Cadoca prevê a manutenção das regras atuais para os parlamenta­res que já cumpriram os requisitos de aposentado­ria e também para os que tiverem mais de 54 anos de idade ou pelo menos quatro anos de mandato como deputado ou oito anos como senador.

Quem não se enquadrar nessas primeiras categorias terá de pagar o equivalent­e a 50% do tempo que falta para atingir os limites previstos na atual legislação. As regras são mais brandas que as defendidas pelo governo em sua proposta. A PEC 287 prevê, por exemplo, idade mínima de aposentado­ria de 65 anos também para políticos. Segundo ele, estão vinculados ao sistema especial de aposentado­ria cerca de 250 parlamenta­res na Câmara, de um total de 513, e cerca de 40 no Senado, de um total de 81. “Tem gente de 40 ou 45 anos que já contribuiu 20 anos, sendo deputado. A emenda preenche uma lacuna no texto no governo, que faz referência a outras categorias como professore­s e trabalhado­res rurais e não aos parlamenta­res federais”, diz.

A proteção sugerida pelo deputado não vale para parlamenta­res que entrarem na política após a promulgaçã­o da PEC. “Daí sim seria criar privilégio­s”, diz Cadoca. Procurado, o relator da reforma na Comissão Especial, deputado Arthur Maia (PPS-BA), não retornou ao DIA.

Não estou criando privilégio­s, nem direitos novos. Apenas preencho uma lacuna na proposta do governo DEP. CADOCA (PDT-PE)

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