IMPORTANTE É O FORO
Para cientista político, reação da opinião pública não preocupa parlamentares
Nas pesquisas que medem a credibilidade das instituições, os partidos políticos ocupam invariavelmente a lanterna. Portanto, não é de se estranhar que a rejeição à proposta de voto em lista fechada seja praticamente unânime nas ruas. “A gente já é obrigado a votar, agora vai ter que votar no partido? Atualmente, eu não consigo diferenciar a ideologia dos partidos. Não sei o que é o PT, PSDB, PMDB”, diz o cabeleireiro Fábio Carvalho, de 34 anos.
O problema é que a opinião pública não parece tão importante para os parlamentares nesse momento. “Mudou muito em relação a quatro anos atrás. Atualmente, a preocupação não é com o eleitor, é com a própria sobrevivência. O importante é tentar, de alguma forma, se livrar de sofrer alguma pena”, diz o cientista político Malco Camargos.
●“Essa proposta é fundamental para que eles garantam a mantuenção do foro privilegiado”, diz Alesandro Molon (Rede-RJ). “Eles nunca foram a favor. Mudaram de ideia, de repente?”,questiona. “Pegar esse Congresso e engessar? Isso é uma ideia completamente inaceitável”, diz o parlamentar, que é membro da comissão da Câmara que estuda mudanças no sistema eleitoral. O relator da comissão, o petista Vicente Cândido (SP), é outro defensor do voto em lista fechada. O argumento dele é o encarecimento das campanhas no sitema atual.
Cândido acredita que só com lista fechada será possível o financiamento público das campanhas. “Como o partido vai distribuir internamente esses recursos?”, pergunta a cientista política Silvana Krause, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. “Não há democracia nas instâncias partidárias. Essa mudança teria que estar acompanhada de outras, do contrário só favorece as lideranças já consolidadas”, diz.