Uruguai tem filas de compradores no primeiro dia de venda de maconha nas farmácias
É necessário se registrar, e há limite de 40 gramas por mês, a R$ 20 o pacote de 5 g
OUruguai começou ontem a vender em farmácias maconha para uso recreativo, produzida sob controle do Estado, um sistema pioneiro no mundo e que aponta para uma mudança na política de combate às drogas. Em drogaria da Cidade Velha de Montevidéu, uma fila de compradores se formou logo cedo. Assim que o estabelecimento foi aberto, cinco pessoas compraram a maconha estatal.
“Fumo desde os 14 anos. Vamos provar”, declarou um homem de 37 anos. A farmacêutica se limitou a declarar que a venda de maconha com fins recreativos é “apenas mais um serviço”.
Os farmacêuticos estão céticos em relação à rentabilidade do negócio. Para fazer a compra, é preciso se registrar, e cada pessoa inscrita tem direito a comprar 40 gramas mensais, a US$ 1,30 (R$ 4,09) o grama. Desde o início de maio, cerca de 5.000 pessoas se inscreveram. O registro do cliente é comprovado por impressões digitais, sem a necessidade de apresentar seu documento de identidade.
O governo não conseguiu firmar acordos com as grandes redes de distribuição, e o número de pontos de venda não cobre todo o território deste país de 3,4 milhões de habitantes. Em Montevidéu, onde vive a metade da população, há três pontos de venda. São 16 no país.
O ex-presidente do país, José Mujica, que promulgou a lei da legalização, disse que não se pode ter preconceitos. “O Uruguai está ensaiando um caminho. Não existe nenhum vício que seja bom, mas me parece terrível condenar uma planta maravilhosa”, completou.
A legislação habilita três vias para se ter acesso à Cannabis: cultivo em lares, cultivo cooperativo em clubes e venda em farmácia de maconha produzida por empresas privadas controladas pelo Estado. Apenas cidadãos uruguaios, ou residentes legais, são autorizados a comprar a erva — turistas, portanto, não podem fazer uma viagem para ‘viajar na maresia’...