Ousadia e inteligência
‘Omomento exige que as pessoas de bem tenham a ousadia dos canalhas.’ A frase foi dita por Benjamin Disraeli, ex-premiê do Reino Unido, no século 19, mas se encaixa perfeitamente no Rio de hoje. Não por acaso, foi com ela que abri a palestra sobre segurança pública no estado, no início do mês, para empresários do varejo carioca, no auditório do Sindilojas Rio. O foco da apresentação foi justamente a “ousadia”. Meu argumento é que, para combater a crescente ousadia dos criminosos, o Estado precisa ser muito mais ousado e inteligente.
Hoje, as instituições desperdiçam esforços e recursos porque trabalham isoladas. Não há cruzamento de dados ou troca de informação. Minha proposta é integrar todos os órgãos de Segurança em um gabinete. Sem dúvida, ganharemos agilidade na investigação e na elucidação de crimes.
Cabe ao Estado garantir que bandidos, mesmo trancafiados, não sigam comandando o crime. A tecnologia pode ser grande aliada nos presídios, principalmente pelo uso de câmeras para monitoramento rígido tanto dos presidiários como dos vigilantes. Acredito que a terceirização da manutenção, equipamentos e alimentação seja a melhor alternativa.
Para reprimir a entrada de armas e drogas, propus instalar barreiras fiscais nas fronteiras do estado, incluindo os acessos aos portos, aeroportos, ferrovias e rodovias. Para isso, a polícia pode contar com o equipamento de scanner de veículos que identificam munição e drogas e câmeras com software analítico de reconhecimento facial e de placas no modelo de pedágio. Assim, todos os automóveis serão inspecionados de forma ágil e precisa.
Criminosos vivem em bunkers nas comunidades mais carentes. Quando cometem crimes, têm para onde fugir e se esconder. Os territórios são usados também como reserva de mercado para a extorsão na prestação de serviços, algo que cresceu muito com o roubo de cargas. É fundamental então que seja retomada a política de ocupação, em que se desarticule a rede criminosa e prenda os bandidos num primeiro momento, para, em seguida, instalar tecnologia inteligente com apoio dos moradores.
O Rio precisa de um plano de ação bem elaborado, que interrompa o domínio do crime sobre a vida das pessoas. Um que tire o território, as armas e fonte de renda dos criminosos. Garanto que eles serão menos ousados.