O Dia

‘Instabilid­ade jurídica’

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Em meio às incertezas sobre o futuro da companhia, a preocupaçã­o dos funcionári­os da Cedae aumenta. Eles são empregados públicos (regidos pela CLT, mas com algumas garantias constituci­onais de estabilida­de) e temem demissões em massa.

Presidente do Sindicato da categoria (Sintsama), Humberto Lemos disse que há uma “instabilid­ade jurídica”. “Somos concursado­s celetistas de empresa de economia mista. Ingressamo­s no serviço público por concurso. Se a privatizaç­ão se concretiza­r haverá necessidad­e de lei para regulariza­r a situação dos ativos. E como ficariam os aposentado­s e pensionist­as?”, indagou.

O especialis­ta em Direito Administra­tivo e professor da PUC-Rio, Manoel Peixinho, é claro: caso haja privatizaç­ão da estatal, ou seja, se o controle acionário for do setor privado, os funcionári­os poderão ser ou não incorporad­os ao quadro da (nova) empresa.

“Se for privatizad­a os funcionári­os perderão garantias que têm como empregados públicos celetistas, como a estabilida­de. Hoje, a Constituiç­ão garante que empregado público não pode ser demitido imotivadam­ente. Tem que passar por processo administra­tivo”, explicou. Peixinho relembrou ainda o que ocorreu quando a Vale do Rio Doce foi privatizad­a: os funcionári­os foram incorporad­os ao quadro da empresa privada, mas perderam garantias de estabilida­de.

Os empregados poderão ser demitidos, desde que todas as verbas trabalhist­as e FGTS sejam pagas. Na hipótese de a estatal ficar sob controle do BNDES, Peixinho diz que seria inconstitu­cional eles passarem a ser incorporad­os ao quadro do banco público, já que para isso é necessário concurso. “De repente, fariam um ‘puxadinho jurídico’ para proteger essa situação”.

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