Sérgio Cabral vira réu pela 14ª vez na operação Lava Jato
Justiça aceitou duas novas denúncias contra o ex-governador. Investigações apontam propina de mais de R$ 250 milhões em três anos
O ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, virou réu em mais dois processos na Lava Jato. Ontem, o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal Federal, aceitou as novas denúncias apresentadas pelo Ministério Público Federal (MPF). Com as ações, Cabral responde a 14 processos na Justiça Federal.
As novas acusações contra o ex-governador, que está preso desde o ano passado, apontam centenas de crimes de lavagem de dinheiro e contra o sistema financeiro, além de participação em organização criminosa, envolvendo R$ 144,7 milhões que teriam sido repassados entre julho de 2010 e fevereiro de 2016 por empresas de ônibus. O esquema total de propina, que também era destinada a servidores e políticos, totalizou R$ 250 milhões, o que daria para comprar 556 novos ônibus refrigerados.
Segundo as investigações, os recursos foram repassados a Cabral pela Fetranspor. “Há provas de que, a partir da caixinha da propina, 26 empresas de ônibus fizeram repasses a políticos e agentes públicos envolvendo mais de R$ 250 milhões entre janeiro de 2013 e fevereiro de 2016. Como ainda há outras investigações em curso, fica difícil imaginar o final desse esquema”, declarou o procurador da República José Augusto Vagos, que atribuiu a caixinha como “um dos mais antigos esquemas de corrupção do Rio”.
A denúncia aponta que a propina repassada a Cabral foi paga em 203 vezes no período de 2010 a 2016. Em janeiro e fevereiro de 2014, o ex-governador teria recebido bônus de R$ 13 milhões pela aplicação da desoneração de ICMS às empresas de ônibus e desconto no IPVA dos coletivos.
Além de Cabral, outras 23 pessoas viraram réus, inclusive o ex-presidente do Detro, Rogério Onofre, que teria recebido cerca de R$ 43 milhões em propina, de acordo com as investigações.
Empresas de ônibus teriam pago R$ 144,7 milhões a Cabral em troca de benefícios