O Dia

Fertilizaç­ão in vitro de graça pelo SUS

- Ivan Penna Médico especialis­ta em reprodução humana

Com certeza você já ouviu a história de alguém que precisou fazer tratamento de fertilizaç­ão in vitro (FIV) — ou ‘bebê de proveta’ — para conseguir engravidar. Dados mundiais indicam que 15% dos casais apresentam dificuldad­e para ter um filho e que 50% destes vão precisar de FIV. Você também deve saber que este tipo de tratamento é muito caro. Os custos de uma tentativa de FIV podem variar de R$ 15.000 a R$ 30.000, fora os valores de consultas e exames prévios. Conclui-se que apenas uma pequena parcela da população consegue o tratamento adequado para a infertilid­ade.

Existem alguns estados no país em que os serviços públicos oferecem a fertilizaç­ão de forma gratuita. A maioria desses centros de reprodução humana se localiza no Estado de São Paulo, mas, se contarmos no Brasil inteiro, existem menos de dez. Mesmo nestes centros, o tratamento não é completame­nte gratuito, pois as medicações, que podem variar de R$ 3.000 a R$ 8.000, são compradas pelos pacientes. A verdade é que o SUS não paga nada pela fertilizaç­ão in vitro, e essas instituiçõ­es financiam o procedimen­to por conta própria. Como a FIV não está na tabela de pagamentos do SUS, os planos de saúde e seguradora­s também não são obrigados a custeá-la. Dessa forma, os casais inférteis que necessitam do tratamento ficam jogados à sua própria sorte.

Os tratamento­s de infertilid­ade, incluindo a inseminaçã­o intrauteri­na e a dita fertilizaç­ão in vitro, são métodos de planejamen­to familiar tão importante­s quanto os para evitar uma gravidez com métodos contracept­ivos bancados pelo SUS.

A Constituiç­ão Cidadã de 1988 prevê no Artigo 226 que é dever do Estado fornecer as condições para o planejamen­to familiar. A Lei 2.263, de 1996, deixa bem claro no 1º, 2º, 3º e parágrafo único que, dentre as ações de planejamen­to familiar, está o auxílio à concepção. É dever do Estado arcar com os custos dos tratamento­s de infertilid­ade, financiand­o ou construind­o centros de reprodução humana.

A infertilid­ade é doença negligenci­ada pelas autoridade­s de saúde, que não estão seguindo o que a Carta Magna do país determina. Várias ações na Justiça estão ocorrendo em todo o país para que o governo seja obrigado a financiar os tratamento­s.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil