Palocci diz que Odebrecht e PT tinham um ‘pacto de sangue’
Depoimento do ex-ministro dos governos Lula e Dilma, prestado ontem ao juiz Sérgio Moro, é arrasador. Segundo ele, acerto com a empreiteira envolveu um terreno para o Instituto Lula e o sítio para uso da família do ex-presidente, além de R$ 300 milhões.
O ex-ministro Antônio Palocci (Fazenda e Casa Civil, nos governos Lula e Dilma) revelou ontem ao juiz federal Sergio Moro a existência de um “pacto de sangue” da propina envolvendo Lula. Palocci foi interrogado na ação penal em que é réu por corrupção e lavagem de dinheiro. Lula também é acusado neste processo, pelos mesmos crimes.
O ex-ministro confessou delitos e revelou que o “pacto” previa repasse de R$ 300 milhões da empreiteira Odebrecht para o PT. O “pacto”, segundo Palocci, era formado por um “colegiado” — do qual o próprio Lula fazia parte. O ex-ministro disse que havia reuniões até no apartamento de Lula, em São Bernardo.
Palocci afirmou ainda que a Odebrecht adquiriu um apartamento em São Bernardo do Campo para o ex-presidente e um terreno para a construção do Instituto Lula, como compensação pelas vantagens que a empresa recebeu durante o governo do petista.
“Foi uma relação bastante intensa, bastante movida a vantagens dirigidas à empresa, a propinas pagas pela Odebrecht para agentes públicos em forma de doação de campanha, em forma de benefícios pessoais, em forma de caixa 1 e caixa 2”, disse Palocci ao iniciar o depoimento. “E eu tenho conhecimento porque participei de boa parte desses entendimentos na qualidade de ministro da Fazenda de Lula e ministro da Casa Civil de Dilma”, atacou.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou ontem nova denúncia contra Dilma Rousseff e Lula por suposto crime de obstrução de Justiça. No entendimento de Janot, a nomeação de Lula para ministro da Casa Civil em 2016 teve objetivo de combater as investigações porque ele já figurava como réu em um dos processos da Lava Jato. O exministro Aloizio Mercadante também foi denunciado.