O QUE DARIA PARA COMPRAR COM OS R$ 51 MILHÕES DAS MALAS?
Polícia Federal esperava encontrar documentos em ‘bunker’ que seria do ex-ministro Geddel Vieira
Valor apurado depois de 14 horas de contagem das cédulas encontradas em malas e caixas de papelão, em Salvador, virou assunto nacional. Dinheiro estava em apartamento que seria de Geddel Vieira Lima. Proprietário confirmou empréstimo do imóvel ao exministro.
Mesmo com oito máquinas contadoras de cédulas e 11 funcionários trabalhando sem parar, a Polícia Federal demorou 14 horas para chegar ao valor escondido em apartamento supostamente utilizado pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima, cujas digitais foram encontradas no ‘bunker’. Entre milhares de notas de reais e dólares em bolsas e malas, fase da Operação Cui Bono (a quem beneficia, em latim) encontrou mais de R$ 51 milhões, a maior apreensão em espécie da história do departamento. O dinheiro foi depositado em contas judiciais na Caixa Econômica Federal e no Banco Central. Veja ao lado o que significa ter tanto ‘debaixo do colchão’.
O delegado Daniel Justo Madruga, superintendente regional da Polícia Federal na Bahia, disse que os agentes ficaram “surpresos” com o volume de dinheiro vivo encontrado no ‘bunker’. O desafio, agora, é descobrir a origem da dinheirama.
O delegado destacou que a PF recebeu informações sobre o apartamento, localizado na Rua Barão de Loreto 360 (no bairro da Graça), segundo andar, que pertence ao empresário da construção civil Silvio Silveira.
“Recebemos informações de que havia um apartamento que poderia ter documentos referentes ao ex-ministro. Foi pedido um mandado de busca em Brasília, e nós demos cumprimento. Os policiais ficaram surpresos. Esperavam encontrar documentos e depararam com caixas e caixas e malas de dinheiro.”
O superintendente regional da PF anotou que “possuir, ter o dinheiro, por si só, não é crime”. “Essa investigação está em curso em Brasília. Vai apurar se a origem desse dinheiro é ou não lícita”, ressaltou Justo.
DONO COMPLICA GEDDEL
O empresário Silvio Silveira declarou ontem à Polícia Federal que não sabia que o seu apartamento estava sendo usado pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima para guardar tanto dinheiro. Ele admitiu, porém, ter emprestado o imóvel a Geddel. Silveira apresentou-se à PF e contou que o amigo pedira o apartamento para estocar “pertences do pai” (falecido em janeiro de 2016).
Geddel está em prisão domiciliar, sem tornozeleira, em Salvador. Ele ainda não se manifestou sobre a fortuna que os investigadores suspeitam ter origem em atos de corrupção.