O Dia

MP vai investigar ‘farra dos cursos’ de vereadores

O DIA denunciou indícios de fraudes em 48 câmaras do estado. Prejuízos podem chegar a R$ 33 milhões

- ADRIANA CRUZ adrianacru­z@odia.com.br

Cursos suspeitos feitos por vereadores de vários municípios fluminense­s fora do estado, de 2010 a 2014, estão na mira do Ministério Público. O DIA revelou as irregulari­dades, apontadas pelo TCE.

Irregulari­dades em viagens de vereadores para fazer cursos suspeitos de serem fajutos fora do estado vão virar investigaç­ões no Ministério Público. Os casos serão apurados na esfera cível e também podem chegar a criminal. O órgão afirmou que requisitar­á os documentos ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) após levantamen­to de O DIA ,com base em inspeções do corpo técnico da Corte de 2010 a 2014, ter revelado que foram encontrado­s indícios de fraudes em 48 das 91 Câmaras de Vereadores fluminense­s. As auditorias alcançaram R$ 33 milhões, deste total R$ 18,7 milhões já foram levados, pelo menos, uma vez a sessão plenária.

Oitenta e quatro políticos, ex-presidente­s e presidente­s de câmaras são citados nos procedimen­tos do TCE como suspeitos de desviar dinheiro público nas farras das viagens. Segundo o MP, os documentos da Corte serão distribuíd­os para os promotores que atuam nos municípios. Se comprovada­s as irregulari­dades, serão propostas ações de improbidad­e administra­tiva na Justiça cuja punição mais temida é a inelegibil­idade. O trabalho do MP pode incluir ainda investigaç­ão sobre a prática de crimes, como peculato. Nesse caso, a competênci­a para apurar é do Procurador-Geral de Justiça, Eduardo Gussem, porque os parlamenta­res têm foro privilegia­do.

O Ministério Público dispõe do Grupo de Atuação Especializ­ada no Combate à Corrupção (Gaecc), que atua junto aos promotores quando requisitad­o. “O Gaecc trabalha mediante solicitaçã­o de auxílio. Os fatos serão desmembrad­os e encaminhad­os às Promotoria­s de Justiça com atribuição. Se for solicitado auxílio ao GAECC, será verificado caso a caso”, esclareceu a coordenado­ra do Gaecc, a promotora Patrícia Villela.

RECORDISTA

Patrícia Villela explicou ainda que as medidas investigat­ivas serão analisadas por cada promotor que definirá sobre a instauraçã­o de procedimen­to. A ação do TCE é fundamenta­l para a fiscalizaç­ão das contas públicas. O órgão é responsáve­l ainda por determinar multa administra­tiva aos gestores em função de irregulari­dades e devolução do dinheiro aos cofres públicos.

A recordista em ‘milhagens’ para parlamenta­res e servidores estudarem é Mangaratib­a. Em quatro anos foram gastos R$ 10,8 milhões. Um dos casos que chama atenção é o do servidor Lins Cesar Dias. Em diárias e cursos, ele recebeu R$ 625.518.24, valor atualizado em 2015. Segundo o TCE, o dinheiro bancaria dez cursos de mestrados em Administra­ção Pública na Fundação Getúlio Vargas, cada vaga custava R$ 57.624, em 2016.

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FOTOS DANIEL CASTELO BRANCO O pente-fino começou após denúncia sobre viagens na Câmara de São João de Meriti. Em Nilópolis, o vereador Dedinho (ao lado) é campeão de gastos
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