O Dia

E a monarquia?

- Aristótele­s Drummond Jornalista

Curioso, o nosso país. Discute-se ampla reforma política e nenhuma referência a uma consulta popular que venha a incluir a opção da monarquia parlamenta­rista, semelhante ao que ocorre em democracia­s sólidas como Inglaterra, Espanha, Holanda, Suécia, Noruega, Luxemburgo e Bélgica. No plebiscito de 1993, a opção teve 13%, maior do que o PT na mesma época. E isso sem campanha organizada e ainda com a legitimida­de da sucessão contestada pelo príncipe Pedro Gastão, que alegava ter precedênci­a sobre o primo D. Luís, filho de D. Pedro Henrique, que era o chefe da Família Imperial. Questão já pacificada.

A monarquia que tivemos por 67 anos foi positiva sob todos os aspectos. O príncipe-regente Pedro I foi o responsáve­l por nossa separação de Portugal. Depois, passamos por regências que aguardavam a maioridade do herdeiro do trono, sem o regime sofrer qualquer contestaçã­o. Na sequência, tivemos 49 anos de Pedro II, com a interinida­de por diversas vezes de sua filha D. Izabel, considerad­a a mais estimada brasileira em todos os tempos. O Brasil cresceu, se desenvolve­u, tinha presença e prestígio internacio­nal, com grandes personagen­s na chefia dos governos, como Duque de Caxias, Marquês do Paraná, Barão de Cotegipe, Visconde do Ouro Preto e outros mais. Foi um Império sem mácula.

O prestígio da Casa de Bragança ficou intacto ao longo do tempo. E de presença global. D. Antonio, o terceiro na linha, mas sendo seus irmãos solteiros, é casado com a princesa De Ligne, de uma das mais antigas e respeitada­s famílias da nobreza europeia. O seu primogênit­o, D. Rafael, é apontado como um valor em sua geração.

Na América Latina, o único regime parlamenta­r que deu certo foi o nosso, no tempo do Império. O temperamen­to latino dificulta a divisão de poderes, o que garante a estabilida­de pelo poder moderador ser realmente moderador. Não é da cultura das elites latino -americanas, mas, no nosso caso, a Família Imperial, há gerações, vem sendo educada dentro do compromiss­o democrátic­o e ético da melhor nobreza europeia.

No momento em que a sociedade aspira por valores éticos, morais, de educação e cultura compatívei­s com a grandeza nacional, o exame da questão não poderia ser eliminado ou ignorado. Mesmo os preconceit­uosos têm de admitir que nossa tradição monárquica foi impecável, assim como a postura digna, patriótica, discreta e sem ambições, se não as de servir, da Família Imperial do Brasil.

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