Furacão Irma já matou 7 no Caribe
Socorristas de Guadalupe não conseguiram sequer buscar vítimas por causa do vento. Haiti só reza
Ao menos seis mortes foram registradas na parte francesa da ilha de Saint Martin e uma em Barbuda, após a passagem do Furacão Irma, que periga se tornar a mais potente tormenta já formada no Atlântico. A tempestade já alcançou a categoria máxima, que vai até cinco, e deve atingir a República Dominicana e o Haiti esta tarde. O voo que levou o Papa à Colômbia, ontem, precisou desviar do cone.
“A gendarmeria conseguiu sair apenas no meio da manhã; antes disto a força do vento não permitiu”, disse Eric Maire, prefeito do departamento francês de Guadalupe. Quase 70% das casas foram destruídas pela passagem do furacão. O número de vítimas na ilha deve crescer.
HAITI À PRÓPRIA SORTE
A menção da palavra “furacão” surpreende os moradores do bairro pobre de Shada, em Cabo Haitiano: a poucas horas da passagem de Irma, nenhum foi informado dos riscos. “Não sabia que iria chegar um ciclone, porque não temos eletricidade aqui”, explica Jacquie Pierre, apontando para o pequeno televisor coberto por uma toalha de mesa.
Desde o começo do ano, essa jovem de 25 anos teve a casa inundada duas vezes, e só a menção à passagem de um furacão a aterroriza. “Tenho medo, não só pela minha vida e pela a dos meus filhos, mas por todo mundo”, admite.
Ao ouvir a vizinha, Pierre Valmy se manifesta de dentro de casa, de tábuas de madeira. “Frequentemente a água transborda e invade tudo, mas nunca por um furacão”, conta Valmy. “Se um grande ciclone chegar aqui, será o fim do mundo para nós”, lamenta.
“Agora que sei que um furacão se aproxima, vou guardar meus papéis importantes em uma saco de plástico e o colocarei no alto, porque só tenho esta casa”, disse, apontando para a viga fina que sustenta o lugar onde vive com a mulher e os dois filhos.
Há três ambulâncias para cobrir todo o departamento do Norte, com mais de um milhão de habitantes e apenas alguns caminhões a mais para tentar limpar os canais de drenagem, constantemente cheios de lixo. A situação piora no que se refere aos abrigos temporários: 90% das construções tem tetos de placas de metal, incapazes de resistir a ventos fortes.
Sem capacidade em abrigos provisórios, as autoridades pedirão àqueles que vivem em casas com tetos de tábuas ou de placas de metal, assim como os que habitam zonas com risco de alagamento, que se protejam na casa de concreto de algum amigo ou parente.