Irma, tão forte que sugou o oceano
Vídeos de praias sem água viralizam; Flórida começa a contar os prejuízos da passagem do furacão
Não foram só os alagamentos e a força descomunal dos ventos que surpreenderam o mundo na passagem do Furacão Irma pelo Caribe e pela Flórida. Cenas de praias secas, como se o mar tivesse sido sugado, viralizaram desde domingo e comprovam o poder devastador da tormenta, que ontem já tinha sido rebaixada a tempestade tropical. Também ontem, o custo estimado dos danos provocados pelo Irma no sudeste dos Estados Unidos foi revisado para baixo, mas mesmo assim assusta: a Enki Research reduziu sua estimativa de custos à metade, a 50 bilhões de dólares.
Segundo a meteorologista da Climatempo Josélia Pegorim, um furacão é um centro de baixa pressão atmosférica, onde o vento converge para o centro (ou seja, sopra de fora para dentro). “Quanto mais baixa for essa pressão, mais intensos são os ventos e também o movimento em direção ao centro”, diz Josélia. Quando o Irma estava passando próximo à costa da Flórida, era um furacão de categoria 5, com um centro de baixa pressão muito forte. “Isso fez com que o centro de baixa pressão ‘aspirasse’ a água do mar e a ‘empilhasse’ em seu centro. Assim, conforme a água do mar foi ‘sugada’ pelo centro do sistema de baixa pressão, houve um recuo do oceano”, completa. Outro fator importante é que as águas da costa da Flórida são rasas, o que torna esse afastamento ainda mais aparente. “À medida que um centro de baixa pressão se afasta de uma região onde houve recuo do mar, aos poucos a água vai voltando ao normal. Inclusive, ele pode jogar a água com muita força de volta para o continente e causar alagamentos. Esse último fenômeno é chamado de Storm Surge”, acrescenta.
FIM DA CLAUSURA
Miami acordou ontem com árvores e galhos caídos, semáforos inoperantes, estradas fechadas e barcos afundados, mas os moradores estavam aliviados de que a tempestade que engoliu as zonas costeiras não tenha causado os danos catastróficos previstos.
Alguns moradores que se negaram a evacuar passeavam com seus cachorros e avaliavam com curiosidade, e certo alívio, os danos. “Se isto tivesse sido um furacão de categoria 4 (na escala Saffir-Simpson), o cenário seria diferente. Não teríamos eletricidade por semanas, mas, diferente disso, já a recuperamos esta manhã”, afirmou Bob Lutz, um empresário de 62 anos. “Assim, todos estamos contentes de que não aconteceu nada grave”, acrescentou, aliviado.