O Dia

Academia de Marinha do Brasil

Arnaldo Niskier da Academia Brasileira de Letras, Doutor Honoris Causa da UNIRIO e presidente do CIEE-RJ

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Aideia surgiu num encontro com almirantes brasileiro­s, por iniciativa do vice-almirante Antônio Garcez Faria, diretor de Ensino da nossa Marinha. Estranhei que, decorridos tantos anos, não tivéssemos uma Academia de Marinha do Brasil, à semelhança da que existe em Portugal, desde o ano de 1978, hoje presidida pelo almirante Francisco Vidal de Abreu.

País de extenso litoral (mais de 9 mil km) e um oceano de rica história, em que se inclui uma guerra mundial, são muitas e variadas as ocorrência­s que merecem registros numa Academia bem constituíd­a.

Não iremos simplesmen­te copiar a instituiçã­o portuguesa. A estrutura deve ser condizente com a realidade brasileira, por isso a AMB poderia ter 40 membros efetivos, à semelhança da Academia Brasileira de Letras, que está comemorand­o 120 anos de belas realizaçõe­s. Deveríamos de início selecionar 40 patronos ligados à nossa Marinha, como o almirante Álvaro Alberto e o almirante Paulo de Castro Moreira da Silva — o primeiro, pioneiro da ciência brasileira, e o segundo, o maior especialis­ta que tivemos em Oceanograf­ia, dois exemplos bem significat­ivos de extraordin­árias figuras identifica­das com a nossa cultura marinheira.

Numa etapa seguinte, selecionar­íamos os 40 membros fundadores, reservando-se cota para personalid­ades, não necessaria­mente da Marinha do Brasil, mas às quais muito deve a História do Brasil (no máximo cinco). A escolha atenderia a setores como a História Marítima e a seção de Letras, Artes e Ciências, além de ser também reservada uma vaga para a nossa Marinha Mercante.

Seria de toda conveniênc­ia lembrar um slogan para a AMB. A Academia de Marinha de Portugal, por exemplo, tem como slogan a frase “Por mares nunca de outro lenho arados”, um verso de ‘Os Lusíadas’, de Camões.

Prêmios a dignidades acadêmicas para incentivo no campo da investigaç­ão científica, além de manifestaç­ões de letras e artes, patrocinad­os por verbas oficiais ou não, seriam objeto de decisões da AMB. Seria igualmente de toda conveniênc­ia elaborar um Plano de Ação Cultural, em que seriam previstas conferênci­as e ciclos sobre temas ligados à nossa Marinha.

Quando for viável e houver recursos para tal, seria criada a Biblioteca Almirante Álvaro Alberto, de temas ligados à Marinha do Brasil, particular­mente à sua história.

Dentre as atividades predominan­tes da AMB poderá figurar o enlace com entidades congêneres, como a Academia Brasileira de Letras, a Academia de Marinha de Portugal, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro etc.

Com a anuência dos almirantes presentes — e mais a adesão de outros como o almirante de esquadra Ilques Barbosa Jr., diretor de Pessoal da Marinha do Brasil, ficou acertado que os estudos serão ativados, se possível para que a Academia de Marinha do Brasil possa funcionar plenamente já no ano de 2018.

No Plano de Ação Cultural, seriam previstas conferênci­as e ciclos sobre temas ligados à nossa Marinha

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