O Dia

Policiamen­to deixa trilhas do Rio mais seguras

Trilha do Parque Lage ao Corcovado, que teve onda de roubos em julho, está há mais de um mês seguido sem ocorrência­s, mas visitantes ainda evitam a região

- BRUNNA CONDINI brunna.condini@odia.com.br BRUNA FANTTI bruna.fantti@odia.com.br

Após reforço de PMs de dois batalhões, inclusive do Bope, trecho de 3km entre o Parque Lage e o Cristo Redentor completou ontem 35 dias sem nenhum registro de assalto.

Seguranças do Parque Lage registrara­m ontem, o marco de 35 dias seguidos sem assaltos na trilha de quase 3 km até o Cristo Redentor. A ‘calmaria’ do caminho, no entanto, que em julho recebeu placas de alerta sobre roubos e quase foi interditad­o por conta da violência, ainda não é suficiente para recuperar a confiança dos frequentad­ores. Desde os episódios de furto, o movimento na trilha tem diminuído e atualmente registra queda de 80% dos visitantes.

“Antes (dos casos de violência), subiam umas 50 pessoas por dia. Agora, só em feriado e finais de semana, mesmo assim, não chega nem a 10”, apontou um dos seguranças do parque, que não quis se identifica­r. De janeiro a julho, na Delegacia de Atendiment­o ao Turista (Deat), 150 turistas fizeram registros de assaltado na trilha. Há cerca de três meses, as ocorrência­s caíram e o patrulhame­nto aumentou, de acordo com os funcionári­os.

“Com frequência tem dois batalhões de polícia se alternando e fazendo ronda. Não são fixos, mas geralmente ficam no entorno. Policiais do Bope também costumam subir a pé e à paisana para dar uma geral”, declarou um vigia, que também preferiu manter sigilo.

Na opinião dos funcionári­os, a violência na Rocinha também tem relação com o movimento fraco de visitantes. “Tem gente que se diz receosa por conta da situação na comunidade. Tem gente que tem medo de assalto mesmo. Nos perguntam se está seguro. Por mais que haja esforço por aqui, não podemos dar garantia”, contou um segurança da unidade.

O DIA esteve no local ontem, no sábado e na sexta-feira e constatou grande movimentaç­ão apenas dentro do Parque Lage, com visitantes fazendo reuniões e piquenique­s. Na trilha, haviam poucos frequentad­ores. A fotógrafa Ingrid Reis, 25, já fez o caminho algumas vezes, mas atualmente, prefere prudência à aventura. “Venho há quatro anos. Já me senti segura, hoje não me sinto tanto. Nunca fui assaltada, mas já ouvi muitos relatos. Tem um amigo meu fotógrafo que já teve todo equipament­o roubado aqui”.

O servidor público, Anderson Reis, 26, fez a trilha no sábado e confirmou o aumento no patrulhame­nto. “Vi seguranças no parque e no caminho. Me sinto mais seguro aqui do que lá fora”.

Mesmo com a ausência de registros de assaltos, empresas especializ­adas em trilhas no Rio, se recusam a fazer a caminhada do parque ao Corcovado. Um exemplo é a Nattrip que vem desaconsel­hado turistas e cariocas a usarem a trilha. “Ainda não levamos as pessoas. O motivo é que não houve nenhuma ação que coibisse a prática de assaltos. Por isso, quando nos procuram, sugerimos outras trilhas mais seguras e movimentad­as para o passeio”, declarou Vinícius de Souza, diretor de marketing da empresa.

Desde os casos de violência, no meio do ano, movimentaç­ão na trilha caiu em 80%

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ESTEFAN RADOVICZ
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