O Dia

Preta Gil celebra 15 anos de carreira e lança disco com muitos convidados

Preta Gil lança disco e faz balanço de 15 anos de carreira. “Entendi que não posso deixar a opinião das pessoas me afetar”, diz

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Preta Gil volta com algumas mudanças no novo disco, ‘Todas as Cores’, que comemora seus 15 anos de carreira. “Quis misturar coisas e ritmos no disco novo. Quando quis gravar um axezão, vi que queria gravar um sertanejo. Estava a fim de referência­s do Pará, dessas coisas que Joelma faz”, conta ela, que teve produção do DJ Batutinha e foi além do pop de seus discos anteriores. Trouxe Pabllo Vittar para cantar um samba (‘Decote’) e Marilia Mendonça para dividir espaço num sertanejão (‘Não Me Testa’), e ainda pôs Gal Costa num pancadão (‘Vá Se Benzer’). O DIA bateu um papo com Preta sobre o disco novo, sobre a década e meia de carreira e sobre os desafios que vem enfrentand­o desde que começou a cantar (machismo, racismo, gordofobia, haters virtuais).

DESCOBERTA DO NOVO

Logo assim que resolveu que ia cantar, Preta pediu uma música a seu pai, Gilberto Gil, que negou. E disse que ela precisava procurar as referência­s dela, a turma dela. “Com certeza, devo ter ficado chateada com isso, mas logo depois eu entendi o que ele quis dizer. Foi um conselho fabuloso que ele me deu. E hoje eu encontrei a minha turma, tenho um corpo de parceiros muito forte. Meu objetivo é sempre descobrir o novo, poder me conectar com as pessoas e com as minhas raízes”.

OPINIÕES

“Nesses 15 anos de carreira musical, um grande desafio foi lidar com as pessoas, com o que elas pensam a meu respeito. Me importo com quem gosta ou se identifica com o meu trabalho, com minha música, com meu discurso. Quando posei nua para a capa do meu primeiro disco, as pessoas me criticaram muito. Hoje, entendo que não posso deixar a opinião das pessoas me afetar. Não me afeta, não me abala e não me atinge”.

CONQUISTAS

“A mulher, o negro, o gay, eles vão conquistan­do espaço e respeito. Tem pessoas que não concordam com isso tudo e elas têm os mesmos direitos e o mesmo espaço. Respeito demais a opinião de uma pessoa que não aceita uma relação homossexua­l ou que não gosta de mim por eu ser gorda. O que não aceito é a violência, agressivid­ade. Você pode não gostar de mim, por eu ser gorda ou negra. Mas a partir do momento em que você me ataca pessoalmen­te ou virtualmen­te, isso fere meu direito de ir e vir e nossa liberdade de sermos o que somos. Luto há 15 anos por isso”.

DEMOCRACIA

“Existe um troço negativo, vindo do conservado­rismo. Que na verdade não necessaria­mente é ruim, é um contrapont­o. As pessoas não precisam pensar iguais. Só precisam respeitar as outras. O mais legal no mundo, na sociedade, é você poder flertar com vários universos e poder ser você mesmo onde quer que você vá”

VIDA DE AVÓ

“É uma delícia. Ter sido avó tão nova é um privilégio. Também fui mãe jovem, do Francisco. Eu trabalho, ganho minha grana, tenho meus desafios e com a Sol (de Maria, a neta) é só felicidade. O pai e a mãe se preocupam com as coisas do dia a dia, e a avó só baba, né? Ela mudou muito a vida da minha família. É uma menina muito especial. Trabalho e volto para casa por ela”.

GRAVAR COM GAL COSTA

“A Gal é minha madrinha, me viu falar as primeiras palavras, tem uma importânci­a grande na minha vida pessoal e profission­al. ‘Vá Se Benzer’, que gravamos juntas, é uma música muito forte. Fala para a gente parar de apontar o dedo para os outros, parar de julgar os outros. Ela me deu colo, foi um rebatismo. É como se ela dissesse: ‘Minha filha, não enfraqueça, seja forte, seja você mesma que você está no caminho certo’. Em breve vai ter até clipe!”.

DIFERENÇAS NA INFÂNCIA:

“Quando vim morar no Rio, meu pai era um cantor pop, conhecido. Eu estudava numa escola de classe média alta. Eu e meus irmãos éramos os únicos negros lá. Algumas meninas pegavam no meu pé por causa do meu sotaque baiano, ou porque o abecedário baiano é diferente (“rê” em vez de “r”, “mê” em vez de “m” etc). Essas diferenças deveriam nos unir em vez de nos separar. Uma irmã minha chegou a sofrer coisas mais graves que eu na escola. Mas a gente se defendia. Luto para exercer meus direitos desde muito nova”.

SAÚDE DO PAI

Gilberto Gil passou alguns meses internado ano passado, para tratar uma insuficiên­cia renal. “Foi um susto! Meu pai é um cara muito forte, se cuida. Acabou que isso uniu muito a família. Hoje, ele tem uma energia maior do que a que tinha antes, um amor à vida ainda maior”.

Respeito demais a opinião de quem não aceita uma relação homossexua­l, ou de quem não gosta de mim. Mas não aceito violência ou agressivid­ade” PRETA GIL, Cantora

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ALEX SANTANA/ DIVULGAÇÃO
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FOTOS DIVULGAÇÃO/ALEX SANTANA
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Preta Gil nas fotos de divulgação de ‘Todas As Cores’: músicas com Pabllo Vittar e Marilia Mendonça
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FOTOS DivulgaçãO/alex SanTana

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