O Dia

Pacientes sofrem nos postos municipais

Com salários atrasados e baixo estoque de remédios, profission­ais estão sem trabalhar há quase três semanas

- JONATHAN FERREIRA jonathan.ferreira@odia.com.br

Falta de vários medicament­os e a paralisaçã­o de profission­ais que não receberam os salários fazem com que a população padeça em diferentes unidades da Clínica da Família e nos postos de saúde da Prefeitura do Rio.

Cariocas que buscam atendiment­o em Clínicas da Família e Postos de Saúde enfrentam dificuldad­es por conta da greve de médicos e enfermeiro­s, há quase três semanas. De acordo com a Associação de Medicina de Família e Comunidade do Rio (AMFaC-RJ), dos 227 centros de atenção primária, 160 aderiram à paralisaçã­o, com apenas 30% dos funcionári­os em cada unidade. Os profission­ais pedem regulariza­ção dos salários, aumento no orçamento e reposição de medicament­os.

A dona de casa Yasmin Queiroz, de 24 anos, está há 3 meses tentando retirar um cisto do ombro. Ela esteve ontem pela manhã no Centro Municipal de Saúde (CMS) Salles Neto, no Rio Comprido, se queixando de dores, mas não foi atendida. “A funcionári­a me falou que a minha consulta foi cancelada porque os médicos estão em greve. Não há um prazo para remarcação”, lamentou Yasmin, que havia marcado consulta há cerca de 15 dias. Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que o procedimen­to da paciente será feito quando a greve for encerrada.

Na mesma unidade, mãe e filho se queixaram da falta

Cerca de 70% das unidades aderiram à paralisaçã­o. Prefeitura completa pagamento hoje

de medicament­os para tratamento psiquiátri­co. A aposentada Maria da Conceição, 74, só conseguiu uma parte da quantidade de Rivotril receitada pelo seu médico. Já o militar Carlos Alberto de Paiva, 45, reclamou da falta de Carbonato de Lítio, usado em seu tratamento.

A baixa no estoque das farmácias também afeta o CMS Hélio Pellegrino, na Praça da Bandeira, onde a aposentada Maria de Lourdes, 67, foi embora sem Sinvastati­na. “Sempre que venho ao médico, consigo levar os medicament­os que preciso, mas dessa vez vou voltar para casa sem nada”. Um profission­al de saúde, que preferiu não se identifica­r, denuncia que faltam produtos básicos como gaze, atadura e soro. A SMS alega que abriu crédito suplementa­r de R$ 25 milhões para compra de insumos e medicament­os.

Já na Clínica da Família Medalhista Olímpico Ricardo Lucarelli, no Estácio, pacientes reclamam da falta de médicos e aparelho de raio X. A vendedora Adriana de Souza, 47, esteve na unidade com pedido do exame, mas foi informada que o aparelho está quebrado. “O atendiment­o na clínica está péssimo. Nunca tem médico na unidade. Agora, até os medicament­os estão em falta”, reclamou. A gerência da unidade nega problemas no agendament­o de raio x.

“Os funcionári­os estão priorizand­o gestantes, crianças e casos de urgência e emergência”, explicou o presidente da AMFaC-RJ, Moisés Vieira Nunes. Em nota, a prefeitura afirmou que está empenhada em regulariza­r a situação da saúde. No dia 30, foram abertos os procedimen­tos para repasse de R$ 36,4 milhões às Organizaçõ­es de Saúde. Algumas já receberam a verba e as demais estarão com dinheiro em conta até hoje.

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MAÍRA COELHO
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MAÍRA COELHO / AGÊNCIA O DIA Medicament­o de Maria de Lourdes está em falta no centro municipal

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