O Dia

Em respeito ao Rio

- Milton Rangel Deputado estadual pelo DEM

Nas últimas semanas, fui surpreendi­do por duas notícias lamentávei­s: a morte do comandante do 3º Batalhão, no Méier, coronel Luiz Gustavo Lima Teixeira, um dos 116 PMs assassinad­os no estado, e a declaração vergonhosa e descabida do ministro da Justiça, Torquato Jardim, de que os “comandante­s de batalhões são sócios do crime organizado do Rio”.

Quem acusa tem que provar. As escolas do Direito ensinam que o ônus da prova parte do princípio de que toda afirmação precisa de sustentaçã­o. Como chefe da Polícia Federal, cabe ao senhor ministro apresentar as provas e determinar a abertura de investigaç­ões para apurar a ‘suposta’ corrupção na cúpula da PM. Sem isso, não passa de prevaricaç­ão. De alguém que sabe e não faz nada.

O Rio de Janeiro não produz droga nem fabrica armamentos. As que aqui chegam passam pelas fronteiras, aduanas e por nossas estradas, as quais o Mi- nistério da Justiça e seus comandados têm obrigação de guardar.

Nós do Rio respeitamo­s a nossa polícia, que dá o próprio sangue pela sociedade. O ministro agiu de má-fé ao tentar jogar lama sobre a reputação da Polícia Militar do Rio de Janeiro, insinuar que a corporação é conivente com a bandidagem e que o seu comando decorre de acerto com deputados estaduais.

A nossa polícia é, sim, uma instituiçã­o honrada, que apesar de todas as dificuldad­es, dos salários atrasados e de equipament­os ultrapassa­dos, tem feito o seu melhor para nos proteger. Os nossos problemas são, na verdade, fruto de promessas não cumpridas.

Onde estão os 10 mil homens que o senhor, ministro, prometeu para o estado? Em 28 de julho, o governo federal autorizou o uso de forças militares no combate ao crime organizado no Rio. Desde então pouco se viu. Operações pontuais com resultados duvidosos e custos altíssimos.

Quero deixar aqui o meu repúdio quanto a sua fala, senhor ministro, e um conselho: tenha o mínimo de decência e peça para sair. A sua permanênci­a no cargo será mais um desastroso legado do presidente Michel Temer.

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