É DIÁRIA OU TEMPORADA?
Presos por decisão do TRF-2, Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi terão destino traçado hoje na Alerj
Assembleia Legislativa vota hoje se o atual e um ex-presidente da Casa, deputados Jorge Picciani e Paulo Melo, além do líder do governo, Edson Albertassi, que se entregaram ontem à Polícia Federal, continuarão presos ou serão soltos. São acusados de integrar um esquema milionário do Legislativo e Executivo para favorecer empresas. No início da noite, eles chegaram à Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, a mesma onde está o ex-governador Sérgio Cabral. TRF2 decidirá se bloqueia R$ 5,7 bilhões em bens.
Entre denúncias do MP estão os excessivos subsídios fiscais, máfia dos transportes e lavagem de dinheiro. Por isso, é importante a prisão e a manutenção dela
FLÁVIO SERAFINI
Esperamos que essa pressão dê resultado, os deputados percebam que precisam atender à população e as prisões sejam mantidas
ELIOMAR COELHO
Opresidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), Jorge Picciani, e os também deputados estaduais Paulo Melo e Edson Albertassi chegaram ontem no início da noite à Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica. A prisão preventiva dos três integrantes da cúpula do PMDB fluminense foi decretada pela Justiça, mas poderá ser suspensa hoje em votação na Alerj, que tem a atribuição de aprovar ou não a prisão dos parlamentares.
Investigados na operação Cadeia Velha, que apura favorecimento a empresas de ônibus por parlamentares fluminenses, os três foram para a mesma unidade prisional onde estão outros presos da Lava-Jato, entre eles Sérgio Cabral, que completa um ano de cadeia hoje. Segundo as investigações da Polícia Federal, os três teriam recebido, em sete anos, R$ 135 milhões em propinas de empresários do setor, sendo parte paga a pedido de Cabral.
A detenção do trio ocorreu após decisão de cinco desembargadores do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, que determinaram por unanimidade a prisão imediata dos deputados por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A Alerj convocou sessão extraordinária hoje, às 15h, para decidir se autoriza a manutenção deles na cadeia.
Para o deputado da oposição Eliomar Coelho (PSOL), a maioria da Casa é aliada dos três presos, o que indica uma tendência para a decisão de soltura dos peemedebistas. Segundo Eliomar, a pressão popular poderá fazer diferença. “Esperamos que essa pressão dê resultado, os deputados percebam que precisam atender à população, e as prisões sejam mantidas”, afirmou.
Também compartilham da opinião os deputados da mesma legenda Flávio Serafini e Marcelo Freixo. “A nossa bancada tem feito as denúncias trazidas pelo Ministério Público Federal e que marcam a prática recorrente do PMDB. Entre as denúncias estão os excessivos subsídios fiscais, a máfia dos transportes e a lavagem de dinheiro. Ou seja, a grave crise do Rio de Janeiro tem origem nesses esquemas. Por isso é importante a prisão e a manutenção dela”, disse Serafini. Freixo irá marchar da Avenida Rio Branco até a Alerj pedindo que os seus colegas mantenham a prisão dos deputados. Já Luiz Paulo Corrêa (PSDB), também da oposição, não quis opinar a respeito. “Tenho que ler os autos para formar juízo”, disse.
Após a decisão da Justiça, os três deputados se entregaram para a Polícia Federal. Picciani se apresentou no fim da tarde. Desnorteado, demorou a encontrar a escada interna. Melo chegou acompanhado por policiais federais e sem o seu tradicional bigode. Albertassi foi o último a ser preso. Juntos, foram encaminhados para exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal e, em seguida, ao presídio.