O Dia

Os animais nos ensinam

Os animais são protagonis­tas da nossa fase de préescola, com eles aprendemos o ‘bêá-bá’ de como ser mais humano

- Ana Cecília Romeu Publicitár­ia e escritora

Não acredito numa ‘humanidade’ que não preserva os animais, a natureza, os idosos e as crianças. Em especial, em se tratando de animais, que é o tema deste texto, é difícil aceitar o descaso com tantos bichinhos nas ruas e confiar em quem ao menos não se sensibiliz­e com isso.

Creio que os animais são seres encantados que nos ensinam como aluno que está na pré-escola: desenhar letras e números para depois saber escrever. É um afeto especial, um amor que se aprende desde a tenra idade. Se não soubermos tratar bem os bichinhos, dificilmen­te saberemos fazê-lo com outro ser humano em nossa fase adulta.

Tantos e tantos precisando de ajuda nas ruas morrendo de inanição e doenças. Animais que poderiam ser adotados em detrimento ao comércio crescente de raças de caninos e felinos.

Outro dia, quando estava numa agroveteri­nária, denominada­s hoje em dia de ‘petshops’ — e o nome já diz tudo —, presenciei a venda de um ‘chitiziubu­mdungun’ ou sei lá como se chamava a raça do cãozinho. A compradora gastou R$ 1.720.

Senti um vazio muito grande... Pensei nos amigos que não se compram; pensei no ser humano escolhendo outros seres humanos por raça, credo, posição social ou por conveniênc­ia. Associei ao fato o tanto que poderia ter sido despendido para ajudar os animais abandonado­s. E que pessoas adquirem seus brinquedin­hos vivos também por ingenuidad­e e o deslumbre da exposição.

Os animais são protagonis­tas da nossa fase de pré-escola, com eles aprendemos o ‘bê-á-bá’ de como ser mais humano, num manual invisível de afetos, sem regras, apenas troca. Eles praticam em nós a empatia, a caridade, o respeito, a gentileza, que amigos não se compram e nem companhia. E que um simples abanar de rabo vale todo o sentido. Se formos capazes de menospreza­r um animal que está sofrendo, há uma grande possibilid­ade de termos a mesma conduta de omissão com alguém de nossa espécie em condições semelhante­s.

Sim, o mundo estaria melhor se o ser humano fosse um bom aluno. Infelizmen­te, parece que estamos cercados de mestres do descaso, e PhDs em desumanida­de formados em curso -relâmpago de indiferenç­a em cinco módulos de dois minutos.

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