Polícia de Portugal mata brasileira
Ivanice Carvalho da Costa foi morta por engano após o carro em que estava ser alvejado por 40 tiros
Uma brasileira foi baleada e morta por engano pela polícia de Portugal na madrugada de ontem. Ivanice Carvalho da Costa, de 36 anos, foi atingida no pescoço após os policiais da capital, Lisboa, atirarem mais de 40 vezes contra o carro em que ela estava com o marido, que desobedeceu a uma ordem de parada.
Os policiais confundiram o veículo de Ivanice com o de bandidos que haviam assaltado um caixa eletrônico minutos antes e escapado de uma perseguição. Segundo a polícia, o carro era da mesma cor e “aparentava corresponder às características da viatura suspeita”. Os criminosos continuam foragidos.
As autoridades portuguesas afirmaram que o marido de Ivanice, também brasileiro, “tentou atropelar os policiais, que foram obrigados a disparar”. Ele foi detido por condução perigosa e desobediência ao sinal de parada. Além disso, garantem as autoridades, estava sem a carteira de habilitação e sem o seguro do automóvel, obrigatório no país. O carro ficou com mais de 20 marcas de tiros, e a brasileira morreu no local.
Ivanice Carvalho da Costa era natural do Paraná e morava em Portugal havia 17 anos. Ela era funcionária de uma loja no Aeroporto de Lisboa e estava a caminho do trabalho.
Drama para enterrar
A família de Ivanice disse que não tem condições financeiras de trazer o corpo para o Brasil. “Nossa maior dificuldade é trazer o corpo, pois não temos recursos, condições para isso”, lamentou Maria Luiza Silva Carvalho da Costa, mãe da brasileira.
Maria Luiza acredita que as autoridades portuguesas foram as responsáveis pela morte e, por isso, deveriam arcar com o traslado até o Brasil. “Eles foram os culpados pelo crime e deveriam fazer isso, seria um pouco de justiça”, comentou a mãe, que viu Ivanice pela última vez apenas em 2008.
A Embaixada Brasileira em Lisboa lamentou a morte e disse que vai acompanhar o caso. “A família da vítima já entrou em contato com o Consulado-Geral do Brasil em Lisboa, que prestará o apoio cabível”, assegurou em nota.
A ocorrência surpreendeu por ter sido a primeira morte provocada por poli- ciais em Portugal em 2017. Entre 2013 e 2015, não houve nenhum óbito causado pela polícia do país. A corporação instaurou inquérito para apurar as circunstâncias da tragédia.
Casos emblemátiCos
Há menos de um mês, a turista espanhola Maria Esperanza Ruiz Jimenez, de 67 anos, foi morta pela PM na Rocinha após o carro furar um bloqueio policial. Ela também foi atingida no pescoço. Entre janeiro e setembro deste ano, houve 813 vítimas de letalidade policial no Estado do Rio.
Em 2005, outro caso similar: o mineiro Jean Charles de Menezes, de 27 anos, foi confundido com um terrorista e morto pela polícia no metrô de Londres.