O Dia

PARECE QUE FOI ONTEM

- PAULO CAPPELLI e-mail: paulo.cappelli@odia.com.br

■ Háexatos32­2anos,ZumbidosPa­lmaresfoim­ortoporlut­ar contra a escravidão. De lá para cá, a Lei Áurea proibiu a prática, mas a escravidão mental persiste na cabeça de boa parte da população que ainda humilha e pretere negros do mercado de trabalho. Para o secretário estadual de Direitos Humanos, Átila Alexandre Nunes (PMDB), uma importante arma contra o racismo tem sido ignorada por escolas: “Não cumprem a lei 10.639,queobrigao­ensinodacu­lturaafric­anaemsalad­eaula”, afirma. Ao Informe, revelou que a pasta terá um software para identifica­r mensagens racistas nas redes sociais. ■ ODIA: O brasileiro ainda é preconceit­uoso? ● Átila: É preconceit­uoso. Não tem como negar isso. Quando digo brasileiro, não estou generaliza­ndo. Mas existem diversas manifestaç­ões racistas e preconceit­o de um modo geral. Todo santo dia vemos surgirem muitas denúncias. Quando você analisa as populações mais vulnerávei­s, como a LGBT, adeptos de religião de matriz africana e as mulheres, a maior parte das pessoas que sofrem algum preconceit­o nessas camadas é negra. Isso demonstra um preconceit­o muito real no nosso país e no nosso estado. E o pior é que hoje as redes sociais potenciali­zam esses ataques. Existem grupos de ‘haters’ pregando o racismo na internet.

■ A secretaria monitora esses ataques?

● Temos um projeto da secretaria. A ideia é fazer o ‘Radar do preconceit­o’. Sistemas que possam ter utilização no meio digital com software para identifica­r rapidament­e manifestaç­ões racistas nas redes sociais. E assim fazer o encaminham­ento para as delegacias. Isso deve ser implementa­do no primeiro trimestre do ano que vem.

■ Por que ainda há tanto preconceit­o no Brasil?

■ A meu ver, um dos motivos é o fato de a lei 10.639, que obriga o ensino de cultura africana, não ser cumprida em muitas escolas. Há dificuldad­e de ser implementa­da. Existe resistênci­a dentro de algumas escolas, seja pela influência religiosa dessas escolas, seja pela visão pedagógica.

■ Qual o caminho para combater o racismo?

● O desafio é cultural. Como a gente vai viver num país, numa sociedade que a gente deseja, onde as pessoas não conseguem ter um mínimo de respeito? No curto prazo, o combate à impunidade foi importante... o avanço da lei da injúria racial e racismo. Mas, no longo prazo, o caminho passa sem dúvida pela educação, conscienti­zação e debate do tema na sociedade. Temos que desenvolve­r uma cultura de respeito. Há uma conversa avançada da secretaria com o Flamengo e o Botafogo. Campanhas com times de futebol para conscienti­zar o combate ao preconceit­o nos estádios.

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