O Dia

‘Quando morrermos, o que será de nosso filho?’

- Geraldo Nogueira Subsecretá­rio municipal da Pessoa com Deficiênci­a

Depender da família ou viver em uma instituiçã­o é a única opção de vida para a maioria das pessoas com deficiênci­a incapacita­nte. Às vezes um lar para idosos ou um abrigo social é a única oportunida­de que se apresenta.

O Dia Internacio­nal das Pessoas com Deficiênci­a, instituído pela ONU para ser comemorado amanhã, não foi capaz de mudar a realidade das pessoas com deficiênci­a no Brasil. Nem mesmo a determinaç­ão prevista na Convenção Internacio­nal de que o Estado deve assegurar à pessoa com deficiênci­a o direito de escolher os serviços e apoios que precisa, bem como onde, como e com quem vivem, é capaz de permitir uma resposta ao título deste artigo.

O fato é que no Brasil as pessoas com deficiênci­a severa, que não possuem autonomia, estão destinadas a viver sob a proteção da família, caso esta tenha as condições econômicas necessária­s, ou a recorrer à institucio­nalização, por vezes em abrigos sociais ou para idosos.

Uma pessoa tetraplégi­ca pode ter consideráv­el incapacida­de física, fazendo com que precise de apoio para vestirse, posicionar-se na cama, alimentar-se, fazer a higiene diária ou transferir-se da cama para a cadeira de rodas. Também uma pessoa com autismo ou com deficiênci­a intelectua­l precisa de orientação para suas rotinas do dia a dia. Estes são casos que apavoram os pais, que diariament­e se perguntam: “Quando morrermos, o que será de nosso filho?”. Essa é uma preocupaçã­o constante no seio das famílias cujo membro mais novo tem uma deficiênci­a incapacita­nte.

Em países desenvolvi­dos, a ideia da moradia assistida é uma realidade que vem crescendo, funcionand­o em condomínio­s com uma administra­ção central, equipe técnica multifunci­onal e cuidadores especializ­ados. A finalidade é oferecer um lugar para os jovens, onde pais não tenham mais condições de manter um cuidado adequado ou que tenham falecido e os familiares não possam continuar com a assistênci­a necessária. Esse modelo visa a substituir a ausência familiar sem tirar a independên­cia do indivíduo e ainda estimuland­o a sua inclusão no mercado de trabalho, através de parcerias empresaria­is interessad­as na mão de obra assistida.

Neste caso, num futuro ideal, a resposta ao questionam­ento familiar poderá ser: “...dependerá dele, dos seus sonhos e de seus objetivos”.

Moradia assistida é realidade que vem crescendo: substitui a ausência familiar sem tirar a independên­cia do indivíduo

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