O Dia

Delegacias do Rio estão em estado de penúria

Funcionári­os da 1ª DP tiveram que dedetizar o local. Relatório aponta mais 7 unidades com problemas

- RAFAEL NASCIMENTO rafael.nascimento@odia.com.br

Ministério Público já instaurou inquérito para apurar o sucateamen­to da Polícia Civil. Além da falta de infraestru­tura e de insumos básicos para trabalhar, força conta com apenas 9 mil agentes, quando deveria ter pelo menos 23 mil.

Concebidas para dar mais conforto aos cidadãos e agilizar o atendiment­o, as Delegacias Legais estão à beira do sucateamen­to, em péssimo estado de conservaçã­o. Relatório do Sindicato dos Policiais Civis do Rio (SinPol), obtido pelo DIA, destaca pelo menos oito unidades em situação crítica, como a 1ª DP (Central), que tem até infestação de ratos, baratas e traças. O documento foi entregue ao Ministério Público, que instaurou inquérito para apurar os problemas na estrutura da Polícia Civil.

Além da delegacia da Central, estão na lista das piores unidades a 22ª DP (Penha), 30ª DP (Marechal Hermes) e 37ª DP (Ilha do Governador), na capital; 53ª DP (Mesquita), 54ª DP (Belford Roxo) e 58ª DP (Posse), na Baixada, e 75ª DP (Rio D’Ouro), em São Gonçalo. Em todos os locais, o SinPol encontrou desde a falta de papel higiênico à ausência de insumos básicos para a emissão de boletim de ocorrência.

O papel colado na porta de entrada da 1ª DP, com o aviso ‘Não abra esta porta. Ela está quebrada’, já denuncia o abandono. Além disso, os funcionári­os da delegacia alegam condições insalubres de trabalho. “Tem rato, barata e traça. Isso aqui não é um espaço para se trabalhar. Nós tivemos que fazer um rateio para dedetizar o espaço”, disse um inspetor, que preferiu não se identifica­r.

VIATURAS ABANDONADA­S

Das nove viaturas da 22ª DP, cinco estão quebradas e abandonada­s em frente à unidade. Os dois banheiros da distrital estão fechados após os vasos serem danificado­s e não terem reparos. “Estamos fazendo um esforço para continuar atendendo a sociedade”, contou um inspetor.

Na 30ª DP (Marechal Hermes), a limpeza é feita por uma faxineira paga pelos agentes e os computador­es estão sem manutenção. No Flamengo, moradores fazem vaquinha e doam produtos de escritório, higiene e limpeza para a 9ª DP (Catete). Perto dali, na 10ª DP (Botafogo), o banheiro para o público está interditad­o. Também há escassez de assentos para o público. Já na 15ª DP (Gávea), o banheiro masculino foi desativado e, das cinco cadeiras na área de atendiment­o, duas estão sem o encosto.

Desde o começo do ano, a Polícia Civil está na mira do Ministério Público do Rio, em uma investigaç­ão do Grupo de Atuação Especializ­ada em Segurança Pública (Gaesp) para apurar as deficiênci­as do órgão.

“O Gaesp está realizando um mapeamento de todos os problemas estruturai­s e de funcioname­nto da Civil. Fizemos reunião (na semana passada) com sindicatos e associaçõe­s ligados à Polícia Civil. Estamos em fase de diligência­s. Quando terminarmo­s, partiremos para tentativa de solução amigável com o governo (através de Termo de Ajustament­o de Conduta), mas caso não haja acordo, iremos ajuizar Ações Civis Públicas”, informou o promotor Thiago Gonçalves, responsáve­l pela investigaç­ão.

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MARCOS R. SOUSA
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FOTOS DE MAÍRA COELHO /AGÊNCIA O DIA Cartaz na porta da 1ª DP (Central), sobre vidro quebrado, denuncia o abandono. Policiais alegam que trabalham em condições insalubres
 ??  ?? Retrato do sucateamen­to: na 22ª DP, há viaturas quebradas e abandonada­s em frente à unidade; cadeiras da 1ª DP estão rasgadas e banheiros da 30ª DP foram interditad­os, pois estão sem manutenção
Retrato do sucateamen­to: na 22ª DP, há viaturas quebradas e abandonada­s em frente à unidade; cadeiras da 1ª DP estão rasgadas e banheiros da 30ª DP foram interditad­os, pois estão sem manutenção
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