Delegacias do Rio estão em estado de penúria
Funcionários da 1ª DP tiveram que dedetizar o local. Relatório aponta mais 7 unidades com problemas
Ministério Público já instaurou inquérito para apurar o sucateamento da Polícia Civil. Além da falta de infraestrutura e de insumos básicos para trabalhar, força conta com apenas 9 mil agentes, quando deveria ter pelo menos 23 mil.
Concebidas para dar mais conforto aos cidadãos e agilizar o atendimento, as Delegacias Legais estão à beira do sucateamento, em péssimo estado de conservação. Relatório do Sindicato dos Policiais Civis do Rio (SinPol), obtido pelo DIA, destaca pelo menos oito unidades em situação crítica, como a 1ª DP (Central), que tem até infestação de ratos, baratas e traças. O documento foi entregue ao Ministério Público, que instaurou inquérito para apurar os problemas na estrutura da Polícia Civil.
Além da delegacia da Central, estão na lista das piores unidades a 22ª DP (Penha), 30ª DP (Marechal Hermes) e 37ª DP (Ilha do Governador), na capital; 53ª DP (Mesquita), 54ª DP (Belford Roxo) e 58ª DP (Posse), na Baixada, e 75ª DP (Rio D’Ouro), em São Gonçalo. Em todos os locais, o SinPol encontrou desde a falta de papel higiênico à ausência de insumos básicos para a emissão de boletim de ocorrência.
O papel colado na porta de entrada da 1ª DP, com o aviso ‘Não abra esta porta. Ela está quebrada’, já denuncia o abandono. Além disso, os funcionários da delegacia alegam condições insalubres de trabalho. “Tem rato, barata e traça. Isso aqui não é um espaço para se trabalhar. Nós tivemos que fazer um rateio para dedetizar o espaço”, disse um inspetor, que preferiu não se identificar.
VIATURAS ABANDONADAS
Das nove viaturas da 22ª DP, cinco estão quebradas e abandonadas em frente à unidade. Os dois banheiros da distrital estão fechados após os vasos serem danificados e não terem reparos. “Estamos fazendo um esforço para continuar atendendo a sociedade”, contou um inspetor.
Na 30ª DP (Marechal Hermes), a limpeza é feita por uma faxineira paga pelos agentes e os computadores estão sem manutenção. No Flamengo, moradores fazem vaquinha e doam produtos de escritório, higiene e limpeza para a 9ª DP (Catete). Perto dali, na 10ª DP (Botafogo), o banheiro para o público está interditado. Também há escassez de assentos para o público. Já na 15ª DP (Gávea), o banheiro masculino foi desativado e, das cinco cadeiras na área de atendimento, duas estão sem o encosto.
Desde o começo do ano, a Polícia Civil está na mira do Ministério Público do Rio, em uma investigação do Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (Gaesp) para apurar as deficiências do órgão.
“O Gaesp está realizando um mapeamento de todos os problemas estruturais e de funcionamento da Civil. Fizemos reunião (na semana passada) com sindicatos e associações ligados à Polícia Civil. Estamos em fase de diligências. Quando terminarmos, partiremos para tentativa de solução amigável com o governo (através de Termo de Ajustamento de Conduta), mas caso não haja acordo, iremos ajuizar Ações Civis Públicas”, informou o promotor Thiago Gonçalves, responsável pela investigação.