O Dia

Previ-Rio faz ofensiva para detectar falsas aposentado­rias que consomem bilhões

Só em dois casos desvendado­s, em novembro deste ano, autarquia municipal calcula que houve prejuízo de, pelo menos, R$ 1 bilhão ao logo dos anos nos cofres públicos

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Arecente descoberta de fraudes em aposentado­rias levou o Instituto de Previdênci­a e Assistênci­a do Município do Rio de Janeiro (Previ-Rio) a iniciar um pente-fino nos benefícios. E o trabalho tem um alvo: os pagamentos que foram mantidos a segurados que não fizeram a prova de vida, que é o recadastra­mento exigido anualmente. Só com os dois casos desvendado­s em novembro a autarquia calcula prejuízo de, pelo menos, R$ 1 bilhão ao logo dos últimos anos.

A força-tarefa que está sendo feita inclui o cruzamento de dados do instituto com órgãos do Rio que registram óbitos. Isso porque as fraudes descoberta­s mostraram que familiares de aposentada­s mortas usaram atestados médicos — não se sabe ainda se adulterado­s — informando que as mesmas estavam vivas.

Dessa forma, os fraudadore­s se utilizavam da garantia da ausência do segurado na prova de vida por motivos de saúde: médicos diziam, no atestado, que as aposentada­s não poderiam se deslocar para fazer a comprovaçã­o, detalhando as implicaçõe­s médicas. Com isso, eles receberam os vencimento­s indevidame­nte, pois já deveriam ter sido cancelados.

Responsáve­l pelo trabalho de combate a fraudes, o diretor de Previdênci­a do instituto, José Paulo Carralas, explicou os números.

“Na primeira fraude que identifica­mos, a aposentado­ria estava sendo paga indevidame­nte desde 2003. Ele (o fraudador) era filho da aposentada morta e recebeu um montante de cerca de R$ 700 mil em 14 anos. Isso é dinheiro que estaria no caixa do Previ-Rio nesse período, pagando corretamen­te aposentado­rias”, contou.

CASOS DESVENDADO­S

Carralas relatou que o instituto descobriu tudo quando o homem alegou ao Previ-Rio que a mãe morava em Goiânia e não poderia fazer o recadastra­mento, e apresentou um laudo médico do Rio de Janeiro. “Desconfiam­os e verificamo­s no site da Corregedor­ia de Justiça para confirmar se havia óbito. Pela página, descobrimo­s que ela havia morrido em 2003”, disse.

O homem foi encaminhad­o à delegacia, onde foi aberto inquérito: “Chamamos a Guarda Municipal e encaminham­os à delegacia. Ele foi enquadrado no Artigo 299 do Código Penal (falsidade ideológica) e no Artigo 304 (uso de documento falso)”.

Já o segundo caso foi revelado pela equipe do Previ-Rio ao confrontar o laudo médico apresentad­o pela família da aposentada e as informaçõe­s de óbito. “Era um sobrinho-neto que estava, desde 2016, recebendo os proventos indevidame­nte. Ao todo, chegou a R$ 250 mil”, informou Carralas.

O instituto chegou a cancelar o benefício, até que surpreende­ntemente o fraudador foi ao Previ-Rio reclamar sobre a falta do pagamento. “Ele foi levado à delegacia, e está sendo investigad­o”.

“No primeiro caso identifica­do, o benefício estava sendo pago indevidame­nte por 14 anos, e o montante foi de R$ 700 mil” JOSÉ CARRALAS, diretor de previdênci­a

O combate a quaisquer possibilid­ades de fraudes fazem parte do gerenciame­nto dos recursos dos servidores”

BRUNO LOURO, presidente do instituto

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FOTOS DIVULGAÇÃO Município ressaltou que aposentado­s impedidos de se deslocarem para prova de vida podem apresentar laudo médico, mas que atuará no combate a fraudes dos benefícios
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Bruno Louro destacou que trabalho será reforçado cada vez mais

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