O Dia

Verba da Saúde é caso de polícia em Belford Roxo

Documentos foram recolhidos na Prefeitura de Belford Roxo para investigar fraudes na área da Saúde

- RAFAEL NASCIMENTO rafael.nascimento@odia.com.br

Ministério Público e policiais civis recolheram documentos em vários setores da prefeitura para investigar desvios de R$ 34 milhões que deveriam ser usados nas clínicas do município.

Asituação precária da saúde em Belford Roxo entrou na mira do Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado, do Ministério Público do Rio, e da Polícia Civil. Na manhã de ontem, policiais recolheram documentos em vários imóveis da prefeitura, inclusive na sede, em operação contra lavagem de dinheiro na gestão municipal. Foram cumpridos 36 mandados de busca e apreensão.

Entre os alvos, estavam o ex-prefeito de Belford Roxo, Adelino Braulino dos Santos, o Dennis Dautmann, e o ex-secretário municipal de Administra­ção, João Magalhães da Silva. Há indícios que Dautmann e Magalhães tenham desviados da saúde cerca de R$ 34 milhões em licitações entre 2012 e 2015.

A Polícia Civil e o MP vão investigar se contratos fraudulent­os daquela época ainda estão em vigências na gestão do atual prefeito. “Tudo indica que existem contrataçõ­es que perduram até hoje. São documentaç­ões claras e de fácil entendimen­to (sobre os crimes cometidos)”, disse a delegada Ana Paula Faria, da Delegacia Fazendária.

De acordo com as investigaç­ões, há suspeita de contrataçã­o de empresas para prestação de serviços médicos e diagnóstic­os ligadas ao ex-secretário, que seriam fraudulent­as, e de funcionári­os fantasmas na antiga gestão. Todos os investigad­os tiveram contas bloqueadas, veículos apreendido­s, além da indisponib­ili- dade de imóveis. Na casa do filho do ex-secretário, os policiais encontrara­m R$ 32 mil.

No município, moradores reclamam do descaso. O Hospital do Joca, atual Municipal de Belford Roxo, teria reforma concluída no fim de 2017, mas ainda não foi reaberto. “Há mais de dois anos fechado, esse lugar iria ajudar muita gente”, disse Tânia Bernardo, de 56 anos, que tem problema renal. A prefeitura informou que a obra está em fase final e, quando for reinaugura­da, a unidade atenderá 700 pessoas por dia.

Em Areia Branca, moradores dizem que o posto médico é lotado e com poucos funcionári­os. “No final do ano passado fui ao posto para tentar fazer um exame, mas não consegui agendar. Estava tudo lotado e sem profission­ais”, desabafou Márcia Cristina Uchoa, 50. A prefeitura informou que está convocando aprovados no último processo seletivo para reforçar o quadro. Sobre a operação policial, o município afirmou que está colaborand­o com a investigaç­ão, mas ressaltou que o foco é na antiga gestão.

Há suspeita de irregulari­dades que podem ter provocado rombo de R$ 34 milhões

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