O Dia

Desde 2010, auxílio-moradia pago a excelência­s daria para construir 70 mil residência­s

Estudo mostra para onde vai o benefício, que virou ‘pendurical­ho’

- > Brasília

Setenta mil. Esse é o número aproximado de casas básicas que poderiam ser construída­s no programa Minha Casa, Minha Vida com o valor gasto para auxílio-moradia dos membros dos Poderes da União. Desde 2010, o governo federal gastou mais de R$ 4 bilhões com o benefício. Só para 2018, o orçamento previsto é de R$ 830 milhões. O estudo foi realizado a pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), autor de proposta de emenda à Constituiç­ão que tem o objetivo de extinguir o auxílio.

O projeto está na Comissão de Constituiç­ão e Justiça do Senado e aguarda a definição de um relator para o andamento do trâmite. Em uma consulta popular online, há mais de 880 mil votos a favor da extinção do benefício e apenas 4.400 contra.

Para Randolfe, o resultado só mostra que a extinção não é uma convicção dele, e sim da população em geral. “É incompatív­el em um momento de discursos contra os privilégio­s, mantê-los para alguns. Um grupo seleto receber um valor desproporc­ional com a realidade do brasileiro”, afirmou. O senador também expôs que tem sofrido pressão dos colegas senadores, mas que seguirá com a proposta.

Na última semana, a concessão do auxílio foi debatida no caso do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ). O jornal ‘Folha de S.Paulo’ revelou que o presidenci­ável recebe o benefício mensal mesmo com moradia fixa em Brasília. Em resposta, Bolsonaro disse que “usou para comer gente” e que vai passar a usar apartament­o funcional.

Para o professor da FGV Direito Rio Michael Mohallem, o direito ao auxílio-moradia tem sido usado equivocada­mente como regra. “Se tornou um pagamento regular indiscrimi­nado”, ponderou.

Em 2014, os gastos com o benefício ainda sofreram um aumento substancia­l, quando decisão do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), estendeu a todos os juízes, inclusive aqueles que têm residência própria onde trabalham, o direito de receber o auxílio-

moradia. A decisão, em caráter liminar, permitiu que integrante­s do MP e da Defensoria obtivessem a mesma regalia. O mérito da ação ainda não foi julgado.

Apenas no Judiciário, as despesas com o benefício saltaram de R$ 8 milhões para R$ 288 milhões em dois anos. Já no MP, o cresciment­o foi de 4000% em 10 anos. O benefício pago é de R$ 4 mil a R$ 4,5 mil por mês.

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