Polícia investiga estrangeiros nas explosões de bancos
No ano passado, foram 60 ataques a caixas eletrônicos no estado, aumento de 22%
Quadrilhas especializadas em detonar caixas eletrônicos estão agindo com cada vez mais ousadia. Em 2017 foram registrados 60 ataques assim, e este ano já foram cinco explosões, inclusive em escolas e hospitais. Segundo investigadores, os criminosos brasileiros estariam contando com apoio de colombianos que integraram as Farc.
Acada dia com mais explosivos — dos tipos C-4 e TNT —, as quadrilhas que assaltam caixas eletrônicos utilizando dinamites transformaram o Estado do Rio em um verdadeiro campo minado. Só no ano passado, os criminosos mandaram um total de 60 equipamentos pelos ares, do Norte ao Sul Fluminense — 11 a mais do que em 2016, alta de 22%. Em 2018, cinco ações já foram registradas, com prejuízos que ultrapassam a casa dos R$ 5 milhões. As investidas dos bandos são ousadas e não se limitam mais a instituições bancárias. Passaram a ser executadas também dentro de escolas, supermercados, hotéis, empresas e até hospitais, tornando real a possibilidade de tragédias.
A hipótese de as organizações criminosas, que se multiplicam na mesma velocidade com que contam dinheiro surrupiado com violência, estarem contratando especialistas em lidar com potentes bombas já é admitida por investigadores. Para alguns experts no assunto, ex-integrantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que atualmente se autodenominam Força Alternativa Revolucionária do Comum, por exemplo, estariam estreitando ainda mais seus vínculos com grupos criminosos brasileiros.
“Esse tipo de organização herdou conhecimentos terroristas com uso de explosivos do Exército Republicano Irlandês (IRA). A possibilidade de os assaltantes brasileiros estarem recebendo técnicos de explosivos que trabalhavam para as FARC e que não contarão com a anistia que está sendo concedida aos demais guerrilheiros (devido ao acordo de paz feito em novembro com o governo colombiano) é alta. Há dinamite e dinheiro sobrando nas mãos dos bandidos daqui”, adverte Vinícius Cavalcante, diretor da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança (Abseg), especializado em assuntos terroristas, com enfoque em artefatos explosivos.
Promotor do Grupo de Ação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, Fabiano Oliveira também não descarta a possibilidade de criminosos estrangeiros serem arregimentados por brasileiros, que já contam com kamikazes (bandidos suicidas) em suas fileiras. “Isso é perfeitamente possível. Não é nenhuma teoria conspiratória. Só ainda não flagramos uma situação concreta. Mas é questão de tempo”, admite Fabiano.
Ano passado, o Gaeco e as polícias Federal, Civil e Militar prenderam cerca de 30 homens que explodiam caixas eletrônicos no estado. Boa parte tinha sido treinada para manusear explosivos pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo. Os ‘cursos’ foram dados a criminosos do Comando Vermelho (CV), quando a facção ainda mantinha vínculo com o grupo paulista.
“Hoje, é impossível saber quantas quadrilhas estão em atividade. Elas se expandiram vertiginosamente. Umas são ligadas a facções criminosas, outras não”, detalha Fabiano, ressaltando que é preciso maior controle com estocagem e policiamento ostensivo para coibir os ataques, especialmente no interior. “Do contrário, vamos enxugando gelo”.
As polícias Federal e Civil não comentaram as investigações em curso.
Hoje, é impossível saber quantas quadrilhas estão em atividade (no estado), pois se expandiram vertiginosamente FABIANO OLIVEIRA Promotor