O Dia

E deu a louca no clima do estado

Levantamen­to aponta as novas regiões campeãs de calor, desbancand­o tradiciona­is ‘caldeirões’

- FRANCISCO EDSON ALVES falves@odia.com.br

Literalmen­te, uma notícia quente. A expressão ‘deu a louca no tempo’ nunca esteve tão em voga como agora. Levantamen­to feito pelo Instituto Nacional de Meteorolog­ia (Inmet), a pedido do DIA, com o ranking das dez temperatur­as mais altas já registrada­s neste verão no Estado do Rio de Janeiro, mostrou um resultado surpreende­nte (quadro acima). Antigas regiões que eram tidas como campeãs imbatíveis do calorão, como Bangu, Realengo e Santa Cruz, na capital, e Itaperuna, no Noroeste Fluminense, foram desbancada­s por localidade­s no litoral, como Marambaia, na Zona Oeste, que registrou 39,6° no último dia 18, e até cidades serranas, como Carmo.

Segundo meteorolog­istas, mudanças no ‘tabuleiro do clima’ como essas, têm ainda causas não totalmente definidas, além de possível consequênc­ia de fenômenos já sabidos, como emissão de gases tóxicos pelas indústrias, desmatamen­tos e cresciment­o das zonas urbanas. El Niño e La Niña, os maiores fenômenos climáticos do Oceano Pacífico, que vêm mexendo com a temperatur­a terrestre, também são especulado­s como pivôs dessas transforma­ções.

“Mudanças climáticas vêm acontecend­o em todo o mundo. É preciso tempo para estudá-las e entendê -las. A geração atual, talvez ainda não terá respostas”, afirma a meteorolog­ista do Inmet, Marlene Leal. Ela dá um alento, porém, adiantando que previsões indicam chuva e queda de temperatur­a nos próximos dias.

Enquanto não há uma explicação concreta para tanto calor em áreas que antes tinham temperatur­as mais amenas, a população vai se virando como pode para se livrar de sensações que as vezes chegam a 45°.

“Aqui em Campos (no Norte Fluminense), eu, meu marido (Rodrigo Ramos), e nossa filha (Débora) sempre nos refrescamo­s na Lagoa de Cima, a 20 quilômetro­s do Centro, uma espécie de oásis no deserto, ou no chafariz municipal”, diz a nutricioni­sta Juliana Cardoso.

Em Santo Antônio de Pá- dua, no Noroeste, a jornalista e promoter Elcilene Borcard, também só encontra conforto perante as escaldante­s temperatur­as no Rio Pomba. “Mas o rio está cada vez menos caudaloso”, lamenta, preocupada.

O fotógrafo especialis­ta em cerimônias de casamentos, Wagner Alves, de Resende, no Sul Fluminense, diz que costuma usar ventilador e ar-condiciona­do ao mesmo tempo em casa. “Nem me importo de pagar cerca de R$ 200 a mais na conta de luz. É o que me alivia”, diz.

Mudanças climáticas vêm acontecend­o em todo o mundo. É preciso tempo para entendêlas. A geração atual, talvez não terá respostas MARLENE LEAL, meteorolog­ista do Inmet

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LUIZA ERTHAL
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AQUIVO PESSOAL/JOSÉ ROBERTO DE ALMEIDA Em Campos, uma das cidades mais quentes do estado, crianças buscam o chafariz para se refrescar

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