Após novas polêmicas, Marun insiste em Cristiane
Titular da Secretaria de Governo negou pressionar PTB para alterar indicação
Apesar de alguns auxiliares do presidente Michel Temer admitirem que o ideal é que o PTB indique um novo nome no lugar da deputada Cristiane Brasil (PTB-TJ) para a vaga de ministra do Trabalho, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, afirmou ontem que o governo não fará nenhum pedido ao partido. Já Cristiane se disse vítima de perseguição.
“Não vamos solicitar que o PTB faça qualquer alteração”, afirmou Marun.
Além de a posse da filha do deputado Roberto Jefferson estar barrada pela Justiça há um mês, no fim de semana surgiram novas acusações contra Cristiane que ampliaram o desgaste em torno de sua indicação.
A deputada é alvo de inquérito que apura suspeitas de tráfico de drogas e associação para o tráfico durante a campanha eleitoral de 2010. Além disso, a TV Globo mostrou gravações em que Cristiane ameaçou servidores públicos para conseguir votos na sua campanha à Câmara, em 2014.
Nos áudios, Cristiane diz que, se não se elegesse, os servidores perderiam o emprego “no outro dia”. “Eu preciso de uma coisa que está na mão de vocês agora, que é a credibilidade junto ao idoso, é a amizade que eles têm com vocês. Se cada um no âmbito familiar me trouxer 30 fidelizados... Se amanhã vocês ficarem desempregados, como é que vai ser a vida de vocês?”, afirmou na gravação.
A deputada atuava como secretária municipal no Rio. A Procuradoria Regional Eleitoral (PRE-RJ) vai analisar os dois casos.
Marun, que é conhecido como da tropa de choque do governo, destacou que a Cristiane “não cometeu nenhum crime”. “Não existe nada provado contra a ministra nem que a denigra. O governo continua e vai continuar insistindo na prerrogativa do presidente em nomear ministros”, defendeu.
Questionado se valia a pena o desgaste e se o governo estaria fazendo isso por causa dos votos do partido para a Reforma da Previdência, o ministro negou. “Os votos do PTB não são fatores marcantes para nossa decisão.”
Já Cristiane divulgou uma nota em que se disse vítima de uma campanha difamatória. “Seguirei não poupando esforços para provar que não cometi nenhuma ilicitude. Peço, respeitosamente, à ministra Cármen Lúcia (presidente do Supremo Tribunal Federal) que julgue o mais rápido possível essa questão, baseada na existência de duas ações trabalhistas que tive no passado. Estou sendo julgada política e não juridicamente”, chorou.