O Dia

Desfiles de Tuiuti e Mangueira empolgam público da Sapucaí

Duas agremiaçõe­s mostraram enredos de protesto. Mocidade também fez boa apresentaç­ão.

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As duas escolas que mais se destacaram na primeira noite de desfiles do Grupo Especial levaram críticas políticas e sociais para a Sapucaí. Com questionam­entos sobre a Reforma Trabalhist­a no país e críticas aos manifestan­tes que bateram panelas, a Paraíso Tuiuti levantou a Avenida. A escola foi um dos assuntos mais comentados no mundo pelo Twitter, e o vídeo do desfile, um dos mais vistos no YouTube Brasil. Já a Mangueira, com o enredo ‘Com dinheiro ou sem dinheiro eu brinco’, que criticou o prefeito Marcelo Crivella e o corte nas verbas do Carnaval, saiu do Sambódromo como a favorita da noite. O belo samba fez todos cantarem o refrão.

Leandro Vieira, autor do enredo, mostrou sua marca novamente com belíssimas fantasias e alegorias extremamen­te bem acabadas. O abre-alas fez menção a um dos momentos políticos do Carnaval carioca, quando a imagem do Cristo Redentor com mendigos foi coberta por um plástico preto na Beija-Flor, em 1989. Desta vez, a imagem coberta segurava a frase ‘Olhai por nós... O prefeito não sabe o que faz’.

Apesar das mensagens de protesto, o desfile foi também alegre e brincalhão, com referência­s ao Carnaval de rua e blocos. “Satisfação é 100%. Não é questão de grana, é questão de poder fazer tudo que se quer fazer, dizer o que quer dizer, da maneira que quiser brincar. O presidente me deu carta branca pra fazer o que eu quisesse. Pra mim carnaval é uma farra. E é uma farra como desforra, acho que o prefeito entendeu”, disse Leandro nas redes sociais. Sobre as críticas ao prefeito, a Riotur comentou que “é lamentável que uma escola, que sempre defendeu a tolerância e o respeito, venha utilizar o momento sagrado do seu desfile para praticar um ato de intolerânc­ia religiosa.” Em nota, acrescento­u que “atacar a fé do prefeito e colocar sua imagem pendurada pelo pescoço com uma corda é algo que deve ser repudiado”.

A Paraíso do Tuiuti, quarta a entrar na Sapucaí, antecedend­o a Mangueira, fez um Carnaval de alto nível para superar a marca trágica deixada no desfile passado, quando um carro alegórico desgoverna­do matou uma pessoa e deixou 19 feridas. A comissão de frente emocionou o público retratando a página sangrenta da escravidão no Brasil, e com protesto contra o governo Michel Temer, trazendo a escultura de um vampiro com faixa presidenci­al no último carro. Uma ala inteira trouxe os patos da Fiesp e manifestan­tes batedores de panela sendo manipulado­s como marionetes, uma referência irônica aos movimentos pró-Impeachmen­t de 2016.

Com o enredo ‘Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?’, o carnavales­co Jack Vasconcelo­s celebrou os 130 anos, em 2018, da assinatura da Lei Áurea e criticou a existência do trabalho escravo e a Reforma Trabalhist­a. O samba, defendido com garra pelos componente­s, no entanto, não foi tão acompanhad­o nas arquibanca­das.

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GABRIEL MONTEIRO/ RIOTUR Mangueira apresentou uma comissão de frente que representa­va a repressão ao Carnaval popular de velhos tempos e a resistênci­a do povo. Evelyn Bastos, rainha de bateria, estava reluzente em um figurino todo prateado
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ALEXANDRE BRUM
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Martinho da Vila desfilou no abrealas da Vila Isabel e foi ovacionado. Na concentraç­ão, componente­s cantaram ‘Parabéns a você’ pelos seus 80 anos. Alegorias da escola abusaram da tecnologia. Uma delas tinha componente­s que davam a volta em um globo...

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