O Dia

Governo federal suspende a Reforma da Previdênci­a

Presidente Michel Temer e seus aliados políticos avaliaram que não haveria viabilidad­e jurídica para tentar votar as mudanças no sistema de Previdênci­a Social, por causa da intervençã­o na Segurança Pública do Rio.

- MARTHA IMENES martha.imenes@odia.com.br

AReforma da Previdênci­a, como disse o senador Paulo Paim (PT-RS), ‘subiu no telhado’. Ao contrário do que afirmara na última sexta-feira quando anunciou a intervençã­o federal na Segurança Pública no Rio de Janeiro - que revogaria o decreto caso conseguiss­e os 308 votos necessário­s para aprovar a Proposta de Emenda Constituci­onal (PEC) 287 -, o presidente Michel Temer decidiu suspender a tramitação da proposta, se antecipand­o a uma provável decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) nesse sentido, acatando pedido dos partidos da oposição.

De acordo com o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, “o governo vê com preocupaçã­o a segurança jurídica da tramitação (da PEC 287)”, por isso decidiu suspender, por ora, a Reforma da Previdênci­a até o final da intervençã­o federal no Rio de Janeiro, que vai até dezembro deste ano, está suspensa.

Já o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), avalia que a Reforma da Previdênci­a ficará para o sucessor de Temer. “Pautar a reforma para depois da eleição (que ocorre em outubro) é um problema para o próximo presidente da República. Se o próximo presidente entender que deve tentar pautar (a reforma) para novembro ou dezembro para começar o governo já em uma outra situação, deve dialogar e decidir com a sociedade para não ficar parecendo estelionat­o eleitoral”, diz Maia.

Em vídeo divulgado em sua rede social, Marun diz que somente se “o objeto do decreto for resolvido” (a redução da criminalid­ade no Rio de Janeiro), a proposta de reforma volta à pauta da Câmara. Mas admite que não tem os 308 votos necessário­s para aprovação do texto sobre a Previdênci­a.

“A revogação do decreto que instituiu a intervençã­o no Rio, como sugeriu Temer, provocaria inseguranç­a jurídica não só na tramitação da Reforma da Previdênci­a, mas também na intervençã­o federal”, alerta Paim.

A avaliação do deputado federal Alessandro Molon (Rede-RJ) é de que “o governo jogou a toalha”. “Temer jamais teve ou terá os votos necessário­s para aprovar a proposta de Reforma da Previdênci­a. Felizmente, esse retrocesso conseguimo­s evitar. Que fique clara sua derrota, sem que ele a esconda sob os panos da intervençã­o federal na segurança do Rio”, critica Molon.

O governo acenou que a questão previdenci­ária permanece nas discussões, embora não seja possível discutir PECs. A importânci­a da reforma foi destacada pelos ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamen­to, Dyogo Oliveira.

Nenhum dos dois indicou, porém, se há ou não intenção de endereçar mudanças nas regras previdenci­árias via projeto de lei, como, por exemplo, mudar a regra de cálculo dos benefícios. “A preocupaçã­o com Previdênci­a e as dificuldad­es continuarã­o. Essas dificuldad­es deverão ser objeto de ações mais objetivas do governo, como combate a fraudes. Aprofundar­emos a partir de agora a revisão de políticas públicas para se adequar ao Orçamento”, diz Oliveira.

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WILSON DIAS/AGÊNCIA BRASIL Marun diz que continuará a negociar a reforma, mesmo sem votação

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