OAB e Defensoria repudiam ‘fichamento’ nas favelas
Orlando Diniz é acusado de desvios e lavagem de dinheiro, com a contratação pelo Senac até da governanta de Cabral
Em operação realizada ontem nas comunidades de Vila Kennedy, Vila Aliança e Coreia, tropas federais fizeram fotos de todos os moradores que cruzaram com os soldados e também de seus documentos. “A ação afrontou os direitos constitucionais de ir e vir”, criticou em nota a Ordem dos Advogados do Brasil, seção RJ. Defensoria Pública também reclamou. Comando Militar do Leste alegou que procedimento não é ilegal.
Opresidente afastado da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio), Orlando Diniz, e outros três diretores de sua gestão foram presos ontem pela Polícia Federal acusados de desvio de recursos da instituição com o apoio do ex-governador Sérgio Cabral. Segundo a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), Diniz contratou, pelo Sesc e Senac, do sistema Fecomércio, pelo menos seis funcionários “fantasmas” a pedido de Cabral, o que gerou despesa de R$ 8 milhões.
Entre os funcionários fantasmas estava a chef e governanta do Palácio Guanabara, na gestão de Cabral, que fazem parte do Sistema Fecomércio, e eram controlados por Diniz. A chef tinha remuneração mensal de R$ 18.248,00. “Identificamos que Cabral solicitou a Diniz a contratação dessas pessoas ligadas a ele e até de amigos de infância para atender seus interesses pessoais. Alguns deles nunca compareceram para trabalhar nessas entidades”, disse o procurador José Augusto Vagos, do MPF.
Cabral será indiciado pelo crime de corrupção passiva, pois, na avaliação dos procuradores, ele autorizou seus operadores financeiros a realizar esquema criminoso na Fecomércio e pediu vantagem pessoais e para pessoas ligadas ao seu núcleo de atuação. A operação deflagrada ontem, batizada de Jabuti, é um desdobramento da Lata Jato no Rio. Os diretores Plínio José de Freitas Travassos Martins, Marcelo José Salles de Almeira e Marcelo Fernando Novaes Moreira foram presos temporariamente por cinco dias. Já Diniz foi preso preventivamente, sem prazo definido.
De acordo com o MPF, Diniz lavou também cerca de R$ 3 milhões, entre 2007 e 2011, por meio de sua empresa, a Thunder Assessoria Empresariall, com contratos com companhias dos grupos Dirija e Rubanil.
A defesa de Orlando Diniz, que foi afastado pela Justiça em dezembro, disse que as acusações que recaem sobre Orlando Diniz são infundadas, e que ele irá esclarecer todos os pontos, e o devido processo legal deve provar sua inocência. A nota diz que Diniz sempre colaborou com as investigações e esteve à disposição para prestar esclarecimentos.