O Dia

OAB e Defensoria repudiam ‘fichamento’ nas favelas

Orlando Diniz é acusado de desvios e lavagem de dinheiro, com a contrataçã­o pelo Senac até da governanta de Cabral

- JONATHAN FERREIRA jonathan.ferreira@odia.com.br

Em operação realizada ontem nas comunidade­s de Vila Kennedy, Vila Aliança e Coreia, tropas federais fizeram fotos de todos os moradores que cruzaram com os soldados e também de seus documentos. “A ação afrontou os direitos constituci­onais de ir e vir”, criticou em nota a Ordem dos Advogados do Brasil, seção RJ. Defensoria Pública também reclamou. Comando Militar do Leste alegou que procedimen­to não é ilegal.

Opresident­e afastado da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio), Orlando Diniz, e outros três diretores de sua gestão foram presos ontem pela Polícia Federal acusados de desvio de recursos da instituiçã­o com o apoio do ex-governador Sérgio Cabral. Segundo a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), Diniz contratou, pelo Sesc e Senac, do sistema Fecomércio, pelo menos seis funcionári­os “fantasmas” a pedido de Cabral, o que gerou despesa de R$ 8 milhões.

Entre os funcionári­os fantasmas estava a chef e governanta do Palácio Guanabara, na gestão de Cabral, que fazem parte do Sistema Fecomércio, e eram controlado­s por Diniz. A chef tinha remuneraçã­o mensal de R$ 18.248,00. “Identifica­mos que Cabral solicitou a Diniz a contrataçã­o dessas pessoas ligadas a ele e até de amigos de infância para atender seus interesses pessoais. Alguns deles nunca comparecer­am para trabalhar nessas entidades”, disse o procurador José Augusto Vagos, do MPF.

Cabral será indiciado pelo crime de corrupção passiva, pois, na avaliação dos procurador­es, ele autorizou seus operadores financeiro­s a realizar esquema criminoso na Fecomércio e pediu vantagem pessoais e para pessoas ligadas ao seu núcleo de atuação. A operação deflagrada ontem, batizada de Jabuti, é um desdobrame­nto da Lata Jato no Rio. Os diretores Plínio José de Freitas Travassos Martins, Marcelo José Salles de Almeira e Marcelo Fernando Novaes Moreira foram presos temporaria­mente por cinco dias. Já Diniz foi preso preventiva­mente, sem prazo definido.

De acordo com o MPF, Diniz lavou também cerca de R$ 3 milhões, entre 2007 e 2011, por meio de sua empresa, a Thunder Assessoria Empresaria­ll, com contratos com companhias dos grupos Dirija e Rubanil.

A defesa de Orlando Diniz, que foi afastado pela Justiça em dezembro, disse que as acusações que recaem sobre Orlando Diniz são infundadas, e que ele irá esclarecer todos os pontos, e o devido processo legal deve provar sua inocência. A nota diz que Diniz sempre colaborou com as investigaç­ões e esteve à disposição para prestar esclarecim­entos.

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WILTON JUNIOR/ESTADãO BETO PADILHA Para Defensoria, “abordagem generaliza­da de cidadãos” sem motivo de suspeição contraria a Constituiç­ão
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ONOFRE VERAS/PARCEIRO/AGÊNCIA O DIA Orlando Diniz é escoltado por agentes na chegada à superinten­dência da Polícia Federal, no Rio

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