O Dia

Abordagem das Forças Armadas em comunidade­s é criticada

Militares fotografam moradores e documentos para a Inteligênc­ia checar se há antecedent­es criminais

- BRUNA FANTTI bruna.fantti@odia.com.br GUSTAVO RIBEIRO gustavo.ribeiro@odia.com.br

Mais de 3.200 militares das Forças Armadas foram deslocados ontem para operações conjuntas com as polícias civil e militar nas comunidade­s da Vila Kennedy, Vila Aliança e Coreia, na Zona Oeste. Soldados do Exército fotografar­am pessoas que entravam e saíam e seus documentos. A Ordem dos Advogados do Brasil no Rio (OAB-RJ) e a Defensoria Pública criticaram o que chamaram de ‘fichamento’ de moradores.

As imagens eram enviadas para setor de Inteligênc­ia, para verificar antecedent­es criminais. Carros também foram revistados e a imprensa teve que se afastar do local.

A OAB-RJ considerou que a prática “afrontou os direitos constituci­onais de ir e vir da liberdade de expressão, ao cercear moradores e equipes de imprensa”. A instituiçã­o acionou juristas para analisarem o caso e tomarem as medidas judiciais cabíveis em uma reunião na segunda-feira, às 10h.

A Defensoria Pública reforçou que a abordagem generaliza­da de cidadãos é “grave violação do direito à intimidade e à liberdade de locomoção”. “De acordo com o ordenament­o jurídico brasileiro, a abordagem pessoal por qualquer agente de segurança só é permitida quando há razões concretas e objetivas para a suspeita de que o indivíduo esteja portando bem ilícito ou praticando algum delito. O fato de se morar em uma comunidade pobre não é razão suficiente para este tipo de suspeita”, declarou. E acrescento­u que nenhum cidadão deve ser submetido à identifica­ção criminal se estiver com devida documentaç­ão civil.

Já o Ministério Público afirmou que a conduta de fotografar as pessoas ao lado dos seus documentos pode ser justificad­a porque a fisionomia apresenta mudanças com o tempo e para afastar suspeita de falsidade da identifica­ção civil.

O Comando Militar do Leste negou que haja ilegalidad­e e informou que as fotos eram deletadas após serem enviadas para a Polícia Civil. “O processo ‘sarqueamen­to’ (consulta ao Sistema de Arquivo da Polinter) é um procedimen­to policial para averiguaçã­o da existência de mandado judicial contra pessoas sob suspeição. O uso da plataforma digital móvel dá celeridade e abrevia incômodo aos cidadãos”.

A ação prendeu 26 pessoas e apreendeu um menor. Foram apreendida­s duas pistolas, um simulacro de fuzil, carregador­es de armas, munição, 12 carros, 13 motos, oito radiotrans­missores e drogas.

MP considera que conduta se justifica pela mudança de fisionomia em relação ao documento

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AFP Ação prendeu 26 suspeitos e apreendeu um menor, além duas pistolas, um simulacro de fuzil, carregador­es de armas, munição, 12 carros, 13 motos, oito radiotrans­missores e drogas
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ALEXANDRE BRUM / AGÊNCIA O DIA Gabinete de intervençã­o federal foi instalado no CICC e começará a funcionar na semana que vem

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