O Dia

DOR SEM FIM EM GHUTA

Comunidade internacio­nal pede trégua, mas governo sírio ignora e bombardeia região sem clemência

- > Damasco

Ontemfoios­extodiaseg­uido de bombardeio em Ghuta Oriental, um dos últimos redutos rebeldes na Síria. A região, próxima à capital, tem sido atacada sem clemência pelos aviões do governo de Bashar al-Assad. Enquanto civis sofrem — já passa de 400 o número de mortos —, potências não se entendem. Votação prevista para ontem no Conselho de Segurança da ONU, a fim de garantir uma trégua para auxiliar a população, foi adiada para hoje. Segundo o secretário-geral Antonio Guterres, Ghuta virou “um inferno”.

A Turquia pediu ontem à Rússia e ao Irã, principais aliados do presidente sírio, que contenham os ataques. “Rússia e Irã devem deter o regime”, declarou o ministro turco das Relações Exteriores, Mevlüt Cavusoglu, consideran­do que a ofensiva em Ghuta Oriental e na província rebelde de Idlib é contrário aos acordos negociados por Ancara, Moscou e Teerã nas discussões de paz.

A União Europeia fez coro. Dirigentes de França e Alemanha solicitara­m em carta comum apoio a resolução do Conselho de Segurança da ONU nesta linha. “O governo de (Bashar al) Assad ataca brutalment­e homens, mulheres e crianças inocentes. Seus aliados — Rússia e Irã — lhe deixam agir. Urgimos que façam essa violência parar. A UE pede cessar-fogo imediato”, disse o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.

Já o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que o comportame­nto de Rússia e Irã na Síria é “uma vergonha”. “Direi a vocês que o que Rússia, Irã e Síria passaram recentemen­te é uma vergonha humanitári­a. Nós estamos ali por uma razão, eliminar o EI e depois irmos para casa. Mas o que esses países estão fazendo é uma vergonha”, declarou Trump.

ASSAD SE FAZ DE SURDO

Mas o regime Assad ignora sistematic­amente os apelos internacio­nais para acabar com o banho de sangue na região. Nesta sexta, os bombardeio­s deixaram 32 mortos, segundo o Observatór­io Sírio dos Direitos Humanos. “O balanço pode aumentar, pois há muitos feridos em estado crítico e vítimas sob os escombros”, alertou a a ONG.

Os cerca de 400 mil habitantes de Ghuta, submetidos a um asfixiante sítio do regime desde 2013, sofrem com a escassez de alimentos e medicament­os. Mais de 13,1 milhões de sírios precisam de ajuda humanitári­a, incluindo os 6,1 milhões de deslocados dentro do país desde o início, em 2011, de uma guerra civil que matou mais de 340 mil pessoas.

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AFP/AMER ALMOHIBANY Coluna de fumaça sobe de um dos prédios de Kafr Batna, uma das cidades atacadas indiscrimi­nadamente pelos aviões de Bashar al-Assad
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Em sentido horário, a partir do alto, um garoto é atendido em hospital improvisad­o em Douma. Ao lado, duas pequenas vítimas: a menina Hala, 9, e o menino Mohammed, 2. Na fileira de baixo, um pouco da destruição. Um homem de muletas caminha em Douma...
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AFP/AMMAR SULEIMAN AFP/HAMZA AL-AJWEH
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AFP/HAMZA AL-AJWEH AFP/ABDULMONAM EASSA
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AFP/AMER ALMOHIBANY AFP/ABDULMONAM EASSA
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