Chacal do Sax lança ‘É Todo Dia’
Saxofonista lança música solo em que canta pela primeira vez ao lado do funkeiro mC duduzinho
Chacal do Sax chegou longe. O garoto criado no Complexo do Lins já rodou o mundo tocando seu saxofone, acompanhando vários artistas. Solo, está dando mais um passo em sua carreira: além de tocar, solta a voz no novo single, ‘É Todo Dia’. A música já está nas plataformas digitais e tem participação de MC Duduzinho.
“Está sendo uma experiência nova para mim. Por eu tocar saxofone, sempre me perguntam porque é que eu não passo a cantar também. E a resposta a essa música nova está sendo muito rápida. É a onda ‘feat.’,né?”, brinca Chacal, de 33 anos, referindo-se ao ato de artistas convidarem colegas para participarem de canções (o “feat.”, abreviação de “featuring”).
As próximas canções lançadas por Chacal irão trazer participações de outros MCs, como Sapão ou Marcinho. Mas o material não deve ser reunido num CD inteiro. “Vamos gravar uma música por mês e ‘É Todo Dia’, vai ganhar um clipe. As outras músicas ainda estão sendo compostas”, conta Chacal, que foi produzido pelo DJ Lil T, igualmente autor das músicas.
COLÉGIO INTERNO
Chacal, cujo nome verdadeiro é Jonathan Fernandes Vieira (o apelido por causa do corneteiro Chacal, do ‘Show de Calouros’), foi muito pobre. Conheceu o saxofone quando estudou em regime de internato na Casa do Pequeno Jornaleiro, na Gamboa. “Tinha uma banda marcial lá e aprendi o instrumento. Quando saí, fiquei sem saxofone, porque o sax que eu usava era da instituição”, conta ele, que foi presenteado pela mãe com um saxofone.
“Ela me fez uma surpresa. Cheguei em casa e tinha uma caixa de saxofone embaixo do meu travesseiro. Minha mãe fingiu que nem era com ela, mas fui abraçá-la e choramos muito”, recorda. “Ela disse: ‘A mamãe vai pagar esse instrumento com muito custo. Tem dia que a gente vai comer arroz, feijão e ovo, tem dia que não vai ter nem ovo. Mas vou pagar’. Decidi aí o que iria fazer da minha vida”, recorda.
De lá pra cá, Chacal já tocou em porta de loja, pediu chances em pagodes e acabou sendo descoberto por Neguinho da Beija-Flor, com quem fez turnês mundiais. “Rodamos 17 países”, diz. Tocou também com Fundo de Quintal e com outros artistas, como Alexandre Pires e Mumuzinho. “Mas hoje sigo sozinho mesmo, quero ser independente”, diz.
Ganhei o primeiro sax da minha mãe. Ela disse que a gente só ia comer arroz e feijão, mas ela ia pagar o instrumento”