Assessores parlamentares são exonerados por trocar figurinhas em sessão da Alerj.
Assessores que trocavam cromos em plenário são exonerados. Cidinha classifica como ‘covardia’
Afebre das figurinhas do álbum da Copa do Mundo 2018, que já havia tomado casas, ruas, shoppings e as redes sociais com torcedores ávidos por completar as coleções, chegou até mesmo à Alerj. Na Casa Legislativa, porém, a opinião pública acabou com a brincadeira: foram exonerados dois assessores parlamentares flagrados trocando figurinhas no plenário.
Fotos e um vídeo mostram os funcionários se divertindo enquanto a deputada Martha Rocha (PDT) dava seu voto sobre um projeto que discutia se policiais civis podem dar aulas enquanto estão na instituição. As identidades dos profissionais, que trabalhavam nos gabinetes dos deputados Carlos Osório (PSDB) e Tio Carlos (SDD), não foram reveladas.
Ao DIA, o deputado Carlos Osório falou sobre o ocorrido. “Esse tipo de comportamento é inadequado e inaidentie ceitável. Já ficamos o assessor ele foi exonerado por determinação minha”, afirmou. Entre os deputados, porém, a decisão dividiu opiniões.
No plenário, a depuCampos tada Cidinha (PDT) discursou sobre o assunto. “Coisa muito mais grave acontece nesse plenário e ninguém é sacrificado, porque tem um mandato. Os rapazes não estavam fazendo nada criminoso, eles não são obrigados a ficar ouvindo um monte de discursos chatos, vão morrer se ficarem o tempo todo ouvindo isso”, argumentou ela, que ainda classificou a decisão das exonerações como “covardia”. No Twitter, o deputado Marcelo Freixo (Psol) também alfinetou: “Grave é trocar figurinhas com a Fetranspor”.
Nas redes e nas ruas, a situação também dividiu opiniões. “É uma falta de respeito, ainda mais absurdo se você considerar a situação do Rio atualmente. Quando eu troco no trabalho, é sempre na hora do almoço. É importante separar as coisas”, opinou a analista digital Thayanne Porto, 23. A estudante Gabrielle Nunes, 27, ficou em dúvida: “Eles não deveriam fazer isso, mas acho que todo mundo já passou por uma situação parecida. Muitas pessoas, inclusive deputados ficam no celular ou outras coisas durante a sessão e não são exonerados”, comentou.
A princípio, no Twitter, a Alerj negou que o episódio tivesse ocorrido durante uma sessão. “A troca de figurinhas não é justificável, mas aconteceu durante um inter- valo da sessão dessa quarta-feira que durou mais de 1h”, diz a publicação inicial. Após a divulgação do vídeo que mostra a movimentação no auditório, porém, a Casa confirmou, em nota, que o flagra aconteceu durante uma votação.
Para a professora e coordenadora acadêmica da FGV, Anna Cherubina, é importante que a questão seja tratada com seriedade. “Eu diria que isso é um retrato do descaso e falta de comprometimento. A punição foi necessária para que haja limites, esse descaso não é aceitável”, afirmou a especialista.