O Dia

DECISÃO DO SUPREMO PODE LIVRAR EX-PRESIDENTE

Marco Aurélio vai levar a plenário questão da prisão sem trânsito em julgado

- ADRIANA CRUZ adrianacru­z@odia.com.br

A prisão de Lula pode não durar tanto tempo. Isso porque o ministro Marco Aurélio Mello afirmou ontem que a tendência é levar ao plenário do Supremo Tribunal Federal, na próxima sessão plenária, a questão da autorizaçã­o para prisão após sentença em segunda instância, sem trânsito em julgado. “Quarta-feira, claro, a tendência é trazer a liminar, ante o fato novo, o contexto é outro”, disse o ministro.

Ontem, antes que a prisão de Lula fosse determinad­a, os advogados do Partido Ecológico Nacional (PEN), Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, Cláudio Pereira de Souza Neto e Ademar Borges de Sousa Filho, pediram ao ministro Marco Aurélio Mello, relator da Ação Declaratór­ia de Constituci­onalidade (ADC), que questiona a detenção antes do trânsito em julgado, uma liminar para garantir a liberdade de todos condenados em segunda instância, como forma de garantir a presunção da inocência.

Eles alegaram que, no julgamento de habeas corpus para garantir o direito de ir e vir de Lula, o ministro Gilmar Mendes mudou de opinião sobre entendimen­to firmado em 2016, que permite a prisão, e a ministra Rosa Weber ressaltou que negava o HC porque não estava em julgamento a ação, com repercussã­o geral.

“A cautelar penso que hoje, ante contexto, é mais fácil vir a lograr 6 votos contando com voto do ministro Gilmar e com voto de Rosa Weber”, comentou o ministro.

Marco Aurélio frisou que a peça dos advogados do PEN está “muito bem redigida”. “Vamos esperar um pouquinho, tudo na sua hora”, disse.

“Se for concedida uma liminar, todos serão soltos. A decisão vai suspender a execução provisória da pena de Lula, enquanto esta e a outra ADC não forem julgadas”, explicou Victoria Sulocki, presidente da Comissão de Direito Penal do Instituto dos Advogados Brasileiro (IAB).

Há duas ações no Supremo, mas a presidente Carmen Lúcia decidiu não colocar na pauta de julgamento porque, segundo ela, o entendimen­to da possibilid­ade de antecipaçã­o da execução da pena ocorreu em 2016, portanto, um prazo muito curto para discutir nova mudança de posição. Enquanto isso, Lula tem direito de recorrer contra a sua prisão no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao próprio Supremo.

A decisão do juiz Sergio Moro de prender Lula, determinad­a pelo TRF-4, foi considerad­a arbitrária por Victoria Sulocki. Ela sustenta que o ex-presidente tem direito ainda a um recurso, o que impede o trânsito em julgado na segundo instância naquela Corte. Moro tratou a hipótese como “manobra patológica protelatór­ia” para evitar a ida do petista para a cadeia. Para a jurista, no entanto, o ato foi contrário à lei. “Se o recurso não foi eliminado do mundo jurídico, impede o trânsito em julgado”, explicou.

“É mais fácil vir a lograr 6 votos contando com voto do ministro Gilmar e com voto de Rosa”

Quarta-feira, claro, a tendência é trazer a liminar (ao plenário do Supremo), ante o fato novo, o contexto é outro”

MARCO AURÉLIO MELLO,

ministro do STF

Embargos de embargos de declaração constituem apenas uma patologia protelatór­ia e quedeveria­ser eliminada”

SÉRGIO MORO, juiz

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CARLOS MOURA/ STF Marco Aurélio defende a prisão apenas com trânsito em julgado; a presidente Cármen é contra a mudança

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