‘Nos extremos, poderemos ver mais cenas de violência na campanha’
O DIA: Em que a campanha presidencial desse ano pode ser considerada diferente das anteriores?
L VALDIR A. PUCCI: Se pegarmos o histórico das campanhas desde 1994, sempre tivemos um candidato que saía na frente. E, com certeza, esse candidato seria um dos que disputariam o segundo turno. Com a prisão do ex-presidente Lula, que era o líder isolado na preferência de votos, não teremos esse cenário dessa vez.
O DIA: Esse período inicial foi marcado por muita polarização. Será que estamos diante de uma campanha com episódios de violência?
L Temos extremos muito claros que defendem sua posição, muitas vezes de uma forma até violenta, mas a grande massa da sociedade vai tentar acompanhar a eleição presidencial de forma pacifica, vai se informar e buscar um candidato ente os disponíveis. Nos extremos, por outro lado, com certeza, poderemos ver mais cenas de violência do que nas eleições anteriores.
ODIA: O quadro de candidaturas está definido, ou pode surgir mais alguém?
L Ainda há algumas dúvidas, como por exemplo, se o PMDB terá candidato ou se apoiará alguém. Se o presidente Temer terá condições de assumir uma candidatura. O tempo de televisão ainda é importante e o PMDB é decisivo nisso. Temos a dúvida de quem será o candidato do PT ou até se o Lula vai estar fora da prisão. A indefinição é total.
ODIA: No entanto, parece certo que, seja quem for o eleito, não terá uma maioria confortável no Congresso. Vai ter que negociar...
L Com certeza. Temos à nossa frente uma chance maior de renovação do quadro político. A tendência é que haja mais partidos presentes na Câmara dos Deputados. Isso dificultará bastante a vida de qualquer presidente eleito. No entanto, o Congresso é pragmático; então, vai atrás do cheiro de vitória. Eu lembro que a eleição para a Câmara vai ser muito diferente dessa vez, pela falta de financiamento das empresas. A tendência é que os candidatos à presidência, durante o primeiro turno, tenham discursos mais para os extremos, discursos de campanha, para tentar uma vaga no segundo turno. Mas quem for para o segundo turno, será mais aglutinador, já acenando para as bancadas que serão formadas. Isso para tentar nos famosos 100 primeiros dias de governo ter mais apoio parlamentar e conseguir aprovar algumas reformas inevitáveis.
“A tendência é que haja mais partidos na Câmara. Isso dificultará bastante a vida de qualquer presidente eleito”