Brasil bate recorde de homicídios. Teve mais de 62 mil mortes em 2016
Ipea revela avanço galopante de homicídios de negros e em estados nordestinos
Com mais negros sendo assassinados e o avanço expressivo do crime no Nordeste, o Brasil atingiu novos patamares de violência, mostra o Atlas da Violência 2018, estudo elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
O total de homicídios atingiu o recorde de 62.517 em 2016. A taxa de mortes por cem mil habitantes, usada como medida internacional para medir a violência, ultrapassou pela primeira vez a taxa de 30, atingindo 30,3.
Dos onze estados que apresentaram crescimento da violência nos últimos dez anos, dez são do Norte e Nordeste (o Rio Grande do Sul completa a lista). O Segipe é o estado mais violento do país, com 64,7 assasinatos por cem mil habitantes.
Também cahama a atenção o enorme abismo entre a taxa de homicídios de negros (pretos e pardos), que foi de 40,2 por 100 mil habitantes em 2016, enquanto a de não negros ficou em 16. E essa diferença vem aumentando ao longo do tempo. Em dez anos, a taxa de mortes de negros subiu 23,1%, enquanto a dos nãonegros caiu 6,8%.
O Rio de Janeiro foi uma exceção nesse avanço da desigualdade, com a taxa de homicídios de negros decrescendo 27,7% no período. Essa foi a única boa notícia para o estado. O número de homicídios entre 2015 e 2016 saltou de 5067 para 6053 de um ano para o outro. A taxa de mortes por cem mil que era próxima à nacional (30,6) passou para 36,4 (em 2017, essa taxa piorou, atingindo 40, segundo o Instituto de Segurança Pública). “O final das Olimpíadas demarcou a transição (para um período negativo), quando a falência econômica e política deram a tônica”.