O Dia

Plano para Segurança sai após 100 dias

Documento recomenda a contrataçã­o de militares da reserva por período de um ano

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Mais de cem dias após o início da intervençã­o federal na Segurança Pública do Rio, o gabinete comandado pelo general Walter Braga Netto finalizou o plano estratégic­o de atuação. No documento de 80 páginas há a proposta de contratar militares da reserva para atuar na Polícia Militar ou Bombeiros por até um ano. O grupo também defende a necessidad­e de maior poder de atuação da PM sobre desmanches de veículos, um sistema unificado de emergência concentrad­o no 190 e mais eventos cívicos em quartéis, batalhões e ruas.

A portaria com o plano, obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo, foi assinada pelo general em 29 de maio. Lista 66 metas em cinco eixos: diminuição dos índices de criminalid­ade, recuperaçã­o da capacidade de operação dos órgãos de Segurança, articulaçã­o entre os entes federativo­s, fortalecim­ento do caráter institucio­nal da Segurança e do sistema prisional, e melhoria da qualidade da gestão prisional.

O gabinete diz precisar de R$ 1 bilhão, o que já foi dito. Parte das propostas já começou a ser implementa­da — doação de armas, equipament­os e blindados, além de treinament­o de pessoal. Outra foi anunciada: a contrataçã­o de mil PMs. Na diminuição dos índices de criminalid­ade há meta de queda a ser buscada pelas polícias. Na parte prisional, há a proposta de modernizaç­ão do sistema e rede de monitorame­nto por câmeras nas cadeias.

A medida de contratar militares da reserva, já experiment­ada no país, é vista pela professora do Departamen­to de Segurança Pública da UFF Jacqueline Muniz, como perigosa. “A violência e as violações podem ser maximizada­s porque os reservista­s não têm como exercer plenamente o poder de polícia”, disse. Apesar da crítica, ela elogiou a disposição de elaboração do plano.

No diagnóstic­o presente no documento, os intervento­res ligam corrupção e violência. “O que se observa nos últimos 30 anos é o cresciment­o da violência e a degradação da Segurança Pública no Rio. Os altos índices de corrupção e aparelhame­nto da máquina tiveram reflexos nas políticas de Segurança. A gestão ineficaz, fraudulent­a e irresponsá­vel dos recursos do Estado implicou insolvênci­a do mesmo.”

 ?? SEVERINO SILVA ?? Militares das Forças Armadas montaram cerco na Cidade de Deus e removeram barricadas. Foram registrado­s diversos confrontos armados
SEVERINO SILVA Militares das Forças Armadas montaram cerco na Cidade de Deus e removeram barricadas. Foram registrado­s diversos confrontos armados

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