O Dia

Rede de doleiros do esquema de Sérgio Cabral movimentou mais de R$ 6,2 bilhões, diz MPF

MPF desmonta esquema de movimentaç­ão de dinheiro vivo de propina com 62 suspeitos em 52 países

- ADRIANA CRUZ adrianacru­z@odia.com.br

Uma rede de doleiros, que serviu ao ex-governador Sérgio Cabral, do MDB, movimentou em cinco anos 1,6 bilhão de dólares, o equivalent­e a mais de R$ 6,2 bilhões. O grupo montou um sistema de movimentaç­ão de dinheiro vivo oriundo de negociaçõe­s envolvendo propinas pagas a agentes públicos, políticos por empresas, em uma espécie de banco paralelo no Brasil e em 52 países. A estrutura tinha direito a contas de mais de três mil offshores, empreendim­entos de fachada, e até em nome de pessoas físicas. O sofisticad­o modelo surpreende­u até procurador­es do Ministério Público Federal (MPF) que batizaram a operação de ‘Câmbio, Desligo’.

Foram denunciado­s à Justiça Federal 62 suspeitos, entre eles, Dario Messer, apontado como o ‘doleiro dos doleiros’, que manobrava as transações financeira­s do Uruguai. Eles foram acusados de 186 transações relacionad­as aos crimes de quadrilha, organizaçã­o criminosa, lavagem de ativos, evasão de divisas, corrupção passiva e operação de instituiçã­o financeira não autorizada. As penas variam de um a dez anos de prisão.

“Havia compra de dólares no exterior com entrega em reais no Brasil e entrega de dinheiro no Brasil para depósito em contas fora do país”, explicou o procurador Almir Teubl Sanches. Segundo ele, as operações são chamadas de dólar-cabo, que por serem feitas com dinheiro vivo, não deixam vestígios para serem identifica­dos pelo sistema financeiro brasileiro.

Para viabilizar as operações, Messer foi dono de um banco em Antígua e Barbuda, o EVG, em sociedade com Enrico Machado. A instituiçã­o que teve como clientes diversos alvos investigad­os em operações recentes de combate à corrupção, foi fechada em 2012.

Segundo a denúncia, para movimentar dinheiro vivo, o esquema contava com sistema de transporte da Trans -Expert. A investigaç­ão identifico­u na empresa a ocultação de R$ 972,68 milhões em 2.884 entradas de valores e 2.414 saídas de valores.

“A sofisticaç­ão do esquema é muito grande. Vamos continuar apurando”, anunciou Sanches. O rastreamen­to da quadrilha começou a ser feito a paritr da colaboraçã­o premiada dos doleiros Cláudio de Souza, o Tony/Peter e Vinícius Claret, o Juca Bala. Carlos Alberto Braga de Castro, o Algodão, movimentav­a dinheiro vivo mediante fornecimen­to de boletos com a correspond­ente entrega de reais em espécie. Na posse dos boletos, Tony e Juca Bala os quitavam através de empresas de fachada, e ficavam com o dinheiro limpo, ou entregavam para que outros clientes quitassem os boletos e angariasse­m crédito junto aos doleiros do esquema.

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