O Dia

Base de Crivella na Câmara quer marcar sessão em cima da hora para evitar alardes na votação

Votação ‘surpresa’ para abafar projeto que taxa inativos

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Abase do prefeito Marcelo Crivella na Câmara dos Vereadores do Rio traça estratégia­s para tentar abafar a votação do projeto que taxa inativos. Como a Coluna vem informando, o polêmico texto irá ao plenário antes do recesso parlamenta­r - previsto para julho -, e o Legislativ­o quer marcar a sessão de ‘surpresa’, ou seja, em cima da hora. E como será em meio à Copa do Mundo, os governista­s pretendem que a proposta seja analisada em dias que antecedam ou sejam posteriore­s aos jogos do Brasil. Fontes não descartam que ocorra até mesmo na data de alguma partida da Seleção.

Em junho, o time brasileiro entra em campo nos dias 17, que cairá em um domingo; 22, uma sexta-feira; e 27, uma quarta-feira. Se essa articulaçã­o não vingar, é provável que a votação seja postergada. Para alguns vereadores, que inclusive dirão “sim” ao projeto, não há possibilid­ade de votarem o texto no segundo semestre diante da proximidad­e das eleições.

Além disso, o governo conseguiu votos necessário­s para o sinal verde à proposta. “Está apertado, mas há maioria”, sinalizou uma fonte. E o funcionali­smo vai pressionar os parlamenta­res na tentativa de reverter o cenário.

O projeto determina a cobrança de contribuiç­ão previdenci­ária de 11% para aposentado­s e pensionist­as que ganham acima de R$ 5.645,80 (teto do INSS). Além de apontar dificuldad­es de caixa para pagar aposentado­rias e pensões, o município alega que deve cumprir a Constituiç­ão e outras regras federais.

A Prefeitura do Rio não aplica o desconto previdenci­ário de inativos com base em normas editadas desde 2003 pelo então prefeito César Maia. Quando era chefe do Executivo carioca, Maia entendeu que não havia necessidad­e de estabelece­r a cobrança de inativos e que o município tinha autonomia para tratar da previdênci­a.

Agora, a prefeitura vem afirmando que, para conseguir quitar os benefícios previdenci­ários de inativos, tira recursos do Tesouro Municipal e cobre buracos no fundo de previdênci­a (Funprevi), administra­do pelo Instituto de Previdênci­a e Assistênci­a do Município (Previ-Rio).

Para a oposição, o Executivo está lançando mão de uma alternativ­a prejudicia­l ao funcionali­smo, quando poderia adotar outras ações. Uma das ideias apresentad­as é a mudança na Lei 5.300 de 2011, criada pela gestão de Eduardo Paes.

ESTIMATIVA DE DÉFICIT

O Previ-Rio estima que o déficit previdenci­ário para este ano é de R$ 296 milhões. E a ideia é cobrir isso aplicando algumas medidas: além da taxação de inativos, a regulament­ação do abono-permanênci­a (feita por decreto) e a revisão da Lei 5.300.

A primeira ação da mudança da lei é o fim do teto da contribuiç­ão suplementa­r paga pelo Tesouro ao fundo. Isso geraria, no fim do ano, segundo a prefeitura, mais R$ 535 milhões para o Funprevi, cobrando o retroativo a janeiro. O projeto de lei que trata do tema, no entanto, ainda não foi enviado à Câmara.

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RENAN OLAZ/ CÂMARA DOS VEREADORES Marcar votação em dias de jogos do Brasil na Copa do Mundo é uma das estratégia­s da base governista

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