Polícia desmonta esquema da milícia de contrabando e falsificação de cigarros
Ação prendeu 12 e deu prejuízo de R$ 2 milhões à milícia, que já tem no fumo sua segunda fonte de renda
Uma operação da Polícia Civil contra a maior milícia do estado desarticulou um esquema de venda de cigarros contrabandeados. Foram 12 pessoas presas, entre eles um PM de UPP e três agentes penitenciários. A polícia estima que as ações deram um prejuízo de R$ 2 milhões ao grupo criminoso Liga da Justiça, chefiado por Wellington da Silva Braga, o Ecko, um dos bandidos mais procurados do Rio e ainda foragido.
Após oito meses de investigações, foram apreendidos veículos, jóias, armas, munições e cigarros. Segundo o chefe da Polícia Civil, delegado Rivaldo Barbosa, a venda de cigarros, que foi desestabilizada com a operação, é a segunda maior fonte de renda do grupo, que atua sobretudo na Zona Oeste. A principal arrecadação da milícia é o transporte alternativo, as vans, e a terceira seria o comércio de botijão de gás.
“Foi mais uma operação exitosa. Com a grande quantidade de material apreendido, vamos ter outras. Somente com a prisão, sem a investigação do braço financeiro, perdemos força. O objetivo é ir atrás do dinheiro que movimenta essa organização. É uma organização maléfica. Eles se reinventam, o poderio da milícia é vasto. Eles têm reservas financeiras no mercado ilegal do cigarro, na grilagem de terras, transportes e extorsões”, disse Barbosa.
O delegado William de Medeiros Pena Junior, da 37ª DP (Ilha do Governador), contou que o comércio regular de cigarro era proibido pelos milicianos nas regiões dominadas por eles. “As empresas de cigarro legais perderam 60% da rentabilidade na região. Só um alvo, que é o ex-PM Ronaldo Santana, movimentou R$ 1,5 milhão. Ele não deixava vender outro tipo de cigarro”, disse Pena Junior.
O chefe de Polícia citou ain- da um ex-PM no grupo. Ele é Ronaldo Santana da Silva, expulso da corporação em 2004, acusado de ser o responsável por contrabandear cigarros do Paraguai. Ele foi preso em maio e, segundo a polícia, tem duas tabacarias que servem de fachada para lavar o dinheiro do comércio ilegal do fumo.
Antes de deixar a corporação, Santana chegou a ser preso em São Paulo tentando liberar carga de cigarros. Após a expulsão, abriu as empresas para lavar dinheiro e trazer o material ilegal. “Eles tinham batedores armados, que acompanhavam a carga desde o Paraná”, contou o chefe da Polícia Civil.
Um ex-PM, preso desde maio, teria duas tabacarias para lavar dinheiro do comércio ilegal