Cabral não fazia nada sem consentimento de Picciani, diz delator
O ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Jonas Lopes Júnior, que fez acordo de delação na Lava Jato, disse ontem, em depoimento no Tribunal Regional Federal da 2ª Região, que o ex-presidente da Assembleia Legislativa Jorge Picciani (MDB) era uma figura de grande influência na política fluminense, e que nada era feito no estado sem o seu consentimento durante o governo de Sérgio Cabral.
“Nada havia no estado que não fosse feito com a aquiescência do deputado”, disse Jonas Lopes, que está em prisão domiciliar, acusado de integrar um esquema de corrupção no TCE. Ele disse que Picciani, também em prisão domiciciar, tinha “ascendência muito grande” sobre Cabral, tanto política como de amizade.
O ex-presidente do TCE afirmou que comprou gado de Picciani e usou dinheiro ilícito recebido no esquema do TCE para quitar a transação. Além de Lopes, depôs ontem o operador financeiro de Sérgio Cabral, Carlos Miranda, que também assinou acordo de colaboração premiada e detalhou que trabalhava para Cabral desde quando ele era deputado estadual. Miranda disse que fazia pagamentos mensais, a mando de Cabral, para Paulo Mello, também ex -presidente da Alerj, e Picciani.
Os dois ex-presidentes da Alerj e o deputado Edson Albertassi também foram ouvidos ontem. Picciani negou ter recebido propinas de empresários de transporte e da construção civil. Ele também afirmou não ter uma relação próxima a Cabral. Picciani é réu na ação, assim como os deputados estaduais Paulo Melo (MDB) e Edson Albertassi (MDB). Os três respondem por corrupção passiva, participação em organização criminosa e lavagem de dinheiro. O processo tramita na 2ª instância devido à prerrogativa de foro dos parlamentares.