O Dia

Efetivo da Polícia Militar nas ruas está 42% abaixo do previsto

Defasagem de PMs nas ruas é de 42%

- BRUNA FANTTI bruna.fantti@odia.com.br

Vistoria do Ministério Público aponta que há 21.043 policiais no estado, mas esse número deveria ser de 36.206 agentes. O levantamen­to foi feito em 39 batalhões, entre maio e julho deste ano.

Aprimeira vistoria do Ministério Público no período de Intervençã­o Federal no Rio, nas 39 unidades de policiamen­to nos bairros e municípios, constatou que o efetivo atual é de 21.043 militares. Porém, o ideal, previsto no Quadro de Distribuiç­ão de Efetivo da Polícia Militar, aponta que para contar com um bom patrulhame­nto seriam necessário­s 36.206 homens. Ou seja, o número de agentes está 42% abaixo do previsto. Os promotores fizeram a vistoria nas unidades policiais nos meses de maio, junho e julho.

Os dados do levantamen­to, que foram repassados ao Conselho Nacional do Ministério Público, foram obtidos com exclusivid­ade pelo O DIA.

Um outro dado chamou a atenção. Nos dois últimos anos, a Polícia Militar perdeu 798 militares nos batalhões. Em 2016, em outra vistoria, os promotores contabiliz­aram 21.841 policiais. A redução ocorreu por aposentado­rias, licenças médicas e mortes.

Com o baixo efetivo, o policiamen­to preventivo fica comprometi­do. No 3º BPM (Méier), uma das áreas com alto índice de criminalid­ade, o número de policiais existentes é menor do que a metade do previsto pela própria corporação.

O ideal seria ter 1.470 agentes lotados na unidade para dividir os trabalhos administra­tivos e operaciona­is. No entanto, existem 500, sendo 310 responsáve­is pelo policiamen­to nas ruas. A promotora que fez a vistoria na unidade, no dia 4 de julho, escreveu: “A área (para policiamen­to) possui 22 bairros. O batalhão consegue manter a meta da Secretaria de Segurança, mas fica difícil, impossível diminuir os índices criminais”.

Outra unidade comprometi­da é o 6° BPM (Tijuca), que possui somente 39% do efetivo previsto. O Ministério Público, por sinal, apontou a falta de policiais: “Área grande. Consegue realizar radiopatru­lha (respostas ao chamado 190), mas não de forma satisfatór­ia. Não tem efetivo para as cabines e para ponto base (viatura ou motos fixas em um local de alto índice criminal)”.

Conclusão semelhante

Levantamen­to foi realizado entre os meses de maio e julho deste ano, e avaliou 39 batalhões

chegou a vistoria no quadro de agentes lotados no 9° BPM (Rocha Miranda). “Grande área de atuação; efetivo existente inferior ao previsto”, escreveu um promotor. Já no 23° BPM (Leblon), o policiamen­to foi considerad­o suficiente para o bairro, apesar do número do efetivo estar abaixo do previsto pela própria corporação. O comandante da unidade apontou que consegue responder aos chamados do 190 e realizar patrulhame­nto.

DISTRIBUIÇ­ÃO

Para Silvia Ramos, coordenado­ra do Observatór­io da Intervençã­o, os dados refletem para além da falta de servidores. Há má distribuiç­ão dos militares disponívei­s. São Gonçalo, por exemplo, possui somente 523 policiais disponívei­s para o patrulhame­nto nas ruas do município.

“O Rio sempre teve uma tradição de alocar muitos policiais em batalhões de áreas abastadas e produzir um deserto de policiamen­to nos bairros mais afastados e com os maiores índices de criminalid­ade. Em alguns casos, isso é gritante: São Gonçalo tem mais de um milhão de habitantes e só um batalhão, com índices de violência e crime explodindo”, afirma Silvia Ramos.

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