Procurador comprou casa com dinheiro vivo
Segundo MP, ex-procurador Cláudio Lopes pagou R$ 200 mil em espécie para comprar casa em Búzios
Cláudio Lopes, que chefiou o Ministério Público no governo de Sérgio Cabral, gastou R$ 200 mil em espécie para adquirir imóvel.
Acusado de integrar a quadrilha comandada pelo ex-governador Sérgio Cabral, o ex-procurador-geral do Ministério Público, Cláudio Soares Lopes, usou R$ 200 mil em dinheiro vivo para adquirir casa no balneário de Búzios, em 2011. O valor total do imóvel era de R$ 500 mil. Os R$ 300 mil restantes foram pagos em cheques. À época, segundo a denúncia do próprio MP contra Lopes, por formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva e quebra de sigilo funcional, ele já recebia mesada R$ 150 mil da organização criminosa de Cabral. Na negociação da residência, o ex-procurador-geral obrigou a vendedora a aceitar parte do montante em espécie.
Em depoimento ao MP, a vendedora contou que “quando o corretor entrou em contato (...), logo lhe informou que na proposta havia o pagamento de um valor significativo em dinheiro”. Ela alegou que não poderia receber por questões de segurança e sugeriu que o negócio fosse fechado em uma agência bancária, na Barra. Disse ainda que Lopes levou o dinheiro, que foi depositado na conta corrente dela, assim como a parte do que foi quitado em cheque.
Durante a investigação, Lopes justificou a compra. “Adquiri uma pequena casa em Búzios, financiada pela Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Integrantes do MP e da Defensoria Pública, com desconto em folha de pagamento e fruto da verba recebida pela Parcela Autônoma de Equivalência, que fui o primeiro procurador-geral a instituir e que pago em condições e valores sem paralelo no Brasil”. Mas, ao depor em 28 de setembro de 2018, Lopes apresentou outra versão sobre o caso: “a parcela de R$ 200 mil, que foi paga em dinheiro vivo, foi fruto da atividade que exercida, desde 1991, no magistério, principalmente em cursos preparatórios”.
BANHO-MARIA
Por enquanto, a denúncia contra Lopes, Cabral, Wilson Carlos, ex-secretário de Governo, e Sérgio Oliveira, o Serjão, operador financeiro de Cabral, está em banho -maria. O desembargador Reinaldo Pinto Alberto Filho decidiu notificar os acusados para apresentar defesa em 15 dias. Só depois, Filho irá apreciar os pedidos de prisão preventiva e perda do exercício da função contra Lopes, a quebra do sigilo bancário e fiscal, inclusive, o da mulher de Lopes, Ana Beatriz, e o sequestro de bens e valores até R$ 7,2 milhões, dinheiro que teria servido à quadrilha. Lopes pediu que no caso de decretação da prisão haja substituição por outras medidas, uma delas é o uso da tornozeleira eletrônica.