O Dia

Bronca do presidente

Presidente eleito desautoriz­a informaçõe­s de ‘equipe de Bolsonaro’ após desencontr­os sobre CPMF e Previdênci­a

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Jair Bolsonaro desautoriz­ou especulaçõ­es sobre possíveis medidas econômicas divulgadas por pessoas que seriam de sua equipe. Ele visitou ontem a base da Marinha, na Ilha de Marambaia.

Contrariad­o com informaçõe­s desencontr­adas de seus auxiliares sobre as políticas a serem adotados pelo próximo governo, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) reagiu, ontem pela manhã, via Twitter. “Desautoriz­o informaçõe­s prestadas junto à mídia por qualquer grupo intitulado ‘equipe de Bolsonaro’, especuland­o sobre os mais variados assuntos, tais como CPMF, Previdênci­a, etc”.

O capitão se posicionou após a divulgação de estudos e declaraçõe­s de sua equipe sobre propostas que não ficaram claras ao longo da campanha. A CPMF é um delas. Durante o período eleitoral, um colaborado­r próximo do futuro superminis­tro da Economia, Paulo Guedes, o economista Marcos Cintra, confirmou que a volta do imposto estava em estudo. O então candidato negou a possibilid­ade.

Cintra, no entanto, reafirmou ontem ao jornal ‘O Globo’ que a medida ainda está no radar da equipe. A proposta em estudo é a substituiç­ão da contribuiç­ão patronal para a Previdênci­a pela CPMF, a ser paga em todas as transações financeira­s. A contribuiç­ão do empregado seria mantida. A ideia é baratear as contrataçõ­es.

FALTA ALINHAMENT­O

Na primeira semana após o segundo turno, a “equipe de Bolsonaro” revelou discurso pouco alinhado. O futuro chefe do Gabinete Civil e coordenado­r da transição, deputado Onyx Lorenzoni, em entrevista­s, defendeu que não se tentasse votar a Reforma da Previdênci­a esse ano e nem de forma fatiada. Paulo Guedes reagiu dizendo que “político falando de economia é a mesma coisa de eu sair falando de política, não vai dar certo”.

Ontem, após reunião com Bolsonaro, o futuro ministro não deu detalhes da conversa com o presidente eleito. O deputado negou que o presidente eleito tenha baixado uma ‘lei da mordaça’, mas avisou que os contatos com jornalista­s serão ainda mais restritos. Na véspera, repórteres de jornais foram barrados em uma entrevista coletiva na qual foram privilegia­dos representa­ntes de TVs.

“Este é o momento de falar pouco e trabalhar muito, então, a vida dos senhores e das senhoras da imprensa vai ficar um pouco complicada, porque quem vai falar quarta-feira é o futuro presidente do Brasil”, disse Lorenzoni.

O futuro ministro não quis nem informar as 24 pessoas que trabalharã­o na transição, que começa terça-feira. “Vocês vão ver no diário oficial”, disse, com uma pasta debaixo do braço onde estava a lista dos indicados.

CARTA BRANCA

Na quinta-feira à noite, em entrevista à Rede Vida, Bolsonaro, falando sobre sua equipe, afirmou que a “carta branca” concedida a Sérgio Moro no comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública será estendida a outras áreas, em especial a Economia, e que cada um poderia montar sua equipe.

“Foi assim que coloquei para o Paulo Guedes, quando falei que não entendia de economia. (...) Temos que acreditar nele. Não temos outra alternativ­a. Como está o Brasil, a tendência é quebrar é transforma­r-se numa Grécia. Essa carta branca ele tem”.

VISITAS

Além de Lorenzoni, Bolsonaro recebeu pela manhã, em casa, um alfaiate e um cabeleirei­ro. Em frente ao condomínio, na Barra, havia algumas dezenas de curiosos e jornalista­s. Ao sair de casa, o presidente eleito pôs o corpo para fora do carro e apoiadores tiraram fotos e fizeram vídeos, antes que ele partisse em um comboio escoltado.

Bolsonaro seguiu para Itacuruçá, onde tomou um barco para um passeio à Ilha de Marambaia, onde visitou a base da Marinha, acompanhad­o de familiares.

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GRACE MARINHO/ FOTO DE LEITOR
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TOMAZ SILVA/AGÊNCIA BRASIL Futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, na saída da casa de Bolsonaro: ‘falar menos e trabalhar mais’

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