Arsenal adaptado na Argentina
Armeiros faziam alterações nas armas a pedido de traficantes de vários estados do Brasil
Aforça-tarefa que investiga a apreensão das 620 armas encontradas na sexta-feira passada em quatro cidades argentinas já sabe que armeiros desmontavam e adaptavam o arsenal a pedidos de traficantes do Comando Vermelho radicados em vários estados do Brasil.
O grupo de investigadores federais, que conta com integrantes da Argentina, Estados Unidos e Brasil, já recebeu laudos periciais das armas que constataram diversas mudanças nas unidades. Entre elas está o acoplamento do kit rajada, transformando os AR-15 em modelos M 16, mais caros. A AR-15 é considerada a versão civil do M 16, esse utilizado por forças militares. Outra adaptação seria transformar o AR-15 em uma carabina, conhecida como M4, que possui menor dimensão.
Quatro armeiros foram presos durante a operação realizada em quatro cidades argentinas. Em uma das propriedades foi encontrado até um stand de tiros para testar as armas adaptadas, antes de enviá-las ao Brasil.
Entre as 620 armas estão 344 armas longas, 276 curtas, entre pistolas e revólveres, além de 32 mil munição. O número de encomendas de armas curtas pelos criminosos corrobora para o que a inteligência da polícia fluminense já constatou. A facção Comando Vermelho é a mais atuante em assaltos e latrocínios como forma
Fuzis comprados por R$ 5,5 mil, após adaptados, seriam revendidos por preço 12 vezes maior
de aumentar o lucro. Para o especialista em armas Vinícius Cavalcante, revólveres e pistolas são utilizadas no chamado ‘crime de varejo’. “São usadas para realizar assaltos em ônibus, na rua. Traficantes chegam a alugar revólveres e pistolas para a prática de crimes. A gente também tem a percepção de que um grande número de latrocínios (roubo seguido de morte) é resultante do uso dessas armas”, afirmou.
A Delegacia de Bonsucesso, por exemplo, constatou em uma investigação que criminosos alugam armas para usuários de drogas fazerem assaltos em ônibus. A Delegacia de Combate a Drogas (Dcod) também já constatou o uso frequente de pistolas adaptadas.
As investigações na Argentina também descobriram o preço médio da compra e revenda dos fuzis: comprados nos Estados Unidos por cerca de R$ 5,5 mil, após adaptados, seriam revendidos na casa dos R$ 70 mil, cada unidade.