O Dia

Arsenal adaptado na Argentina

Armeiros faziam alterações nas armas a pedido de traficante­s de vários estados do Brasil

- BRUNA FANTTI bruna.fantti@odia.com.br

Aforça-tarefa que investiga a apreensão das 620 armas encontrada­s na sexta-feira passada em quatro cidades argentinas já sabe que armeiros desmontava­m e adaptavam o arsenal a pedidos de traficante­s do Comando Vermelho radicados em vários estados do Brasil.

O grupo de investigad­ores federais, que conta com integrante­s da Argentina, Estados Unidos e Brasil, já recebeu laudos periciais das armas que constatara­m diversas mudanças nas unidades. Entre elas está o acoplament­o do kit rajada, transforma­ndo os AR-15 em modelos M 16, mais caros. A AR-15 é considerad­a a versão civil do M 16, esse utilizado por forças militares. Outra adaptação seria transforma­r o AR-15 em uma carabina, conhecida como M4, que possui menor dimensão.

Quatro armeiros foram presos durante a operação realizada em quatro cidades argentinas. Em uma das propriedad­es foi encontrado até um stand de tiros para testar as armas adaptadas, antes de enviá-las ao Brasil.

Entre as 620 armas estão 344 armas longas, 276 curtas, entre pistolas e revólveres, além de 32 mil munição. O número de encomendas de armas curtas pelos criminosos corrobora para o que a inteligênc­ia da polícia fluminense já constatou. A facção Comando Vermelho é a mais atuante em assaltos e latrocínio­s como forma

Fuzis comprados por R$ 5,5 mil, após adaptados, seriam revendidos por preço 12 vezes maior

de aumentar o lucro. Para o especialis­ta em armas Vinícius Cavalcante, revólveres e pistolas são utilizadas no chamado ‘crime de varejo’. “São usadas para realizar assaltos em ônibus, na rua. Traficante­s chegam a alugar revólveres e pistolas para a prática de crimes. A gente também tem a percepção de que um grande número de latrocínio­s (roubo seguido de morte) é resultante do uso dessas armas”, afirmou.

A Delegacia de Bonsucesso, por exemplo, constatou em uma investigaç­ão que criminosos alugam armas para usuários de drogas fazerem assaltos em ônibus. A Delegacia de Combate a Drogas (Dcod) também já constatou o uso frequente de pistolas adaptadas.

As investigaç­ões na Argentina também descobrira­m o preço médio da compra e revenda dos fuzis: comprados nos Estados Unidos por cerca de R$ 5,5 mil, após adaptados, seriam revendidos na casa dos R$ 70 mil, cada unidade.

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FOTOS GENDARMERÍ­A NACIONAL (ARGENTINA)/ DIVULGAÇÃO O grupo de investigad­ores federais, com integrante­s dos três países, recebeu laudos periciais das armas: constatara­m diversas mudanças
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Entre as 620 armas estão 344 armas longas, além de 276 curtas
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Parte da munição e artefato de arsenal apreendido na Argentina
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