Democratas retomam Congresso
No Senado, republicanos de Trump mantêm vantagem. Eleição deu mais voz a mulheres e minorias
Desde 2010 em desvantagem, os democratas reassumiram a maioria na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos em uma eleição que foi marcada pela ampliação da representatividade das minorias em Washington. Até o momento (a apuração ainda não foi finalizada), 108 mulheres foram eleitas, sendo 95 para o Congresso, 13 para o Senado. O resultado representa um recorde histórico no país: 22% dos congressistas das duas Casas são mulheres.
Os americanos também elegeram a parlamentar mais jovem da história do país, um governador assumidamente homossexual e dois congressistas de origem muçulmana e dois, indígena. Além de uma deputada e uma senadora latino-americanas.
A derrota de Trump na Câmara, entretanto, não se repetiu ao Senado, onde os republicanos ganharam mais três cadeiras e ampliaram a maioria. Foram eleitos, por enquanto, 26 governadores republicanos contra 23 democratas.
O ‘Tsunami Azul’, como o Partido Democrata tratava a vantagem nas pesquisas de intenção de voto, não aconteceu. A expectativa da oposição foi contida pela vitória de parlamentares eleitos com base na agenda de Donald Trump, que inclui, por exemplo, o combate à imigração, com um pacote de propostas que incluem a construção de um muro na fronteira com o México e a retirada da cidadania de filhos de imigrantes nascidos nos EUA. Outro foco de Trump é o fim do programa de saúde pública ‘Obamacare’ e a saída de acordos ambientais e nucleares.
Além da vitória dos democratas na Câmara dos Representantes, as midterms - eleições legislativas de meio de mandato - tiveram um resultado atípico. De acordo com Gary Jacobson, professor de Ciência Política da Universidade Califórnia San Diego, “é uma situação estranha”. “A economia mantém os republicanos competitivos, apesar de Trump. Normalmente, um presidente com uma economia como a atual (bem positiva, com desemprego em níveis mínimos) teria dez ou até 20 pontos a mais. É claro que se a economia não estivesse tão bem, teria sido um desastre real”, afirmou Gary Jacobson em entrevista à Agência France Press.